Indy chegando...

Costumo dizer que nasci no país errado mas na cidade certa. Não é menosprezar o Brasil, pelo contrário, o Brasil é quem menospreza seus grandes heróis e acaba fazendo com que sintamos um pouco de raiva, e não que São paulo seja a melhor cidade do mundo, mas é a única que tem Fórmula 1, IndyCar e salão do automóvel no mundo inteiro, um privilégio enorme. Poder trabalhar nas duas corridas, então, é o ápice para alguém como eu, apaixonado pelas corridas. Fico mais feliz ainda por ver que a corrida conta com dois patrocinadores, e a cervejaria Petrópolis, na contramão de outras empresas, tem dado um grande apoio ao automobilismo nacional e vai oferecer um grande evento: Indy com a abertura da Itaipava GT Brasil , a categoria dos carros dos sonhos. Como se não bastasse, ainda vai estampar os carros de Hélio Castroneves (que anda sendo investigado pelos comissários por bater em excesso) e de Tony Kanaan, que renasceu após o golpe do início da temporada. Esperamos que esse ano a chuva dê uma trégua, afinal não queremos a corrida interrompida de novo, o que é até normal na Indy, mas que, convenhamos, enche o saco para quem assiste. No Anhembi tudo já está praticamente pronto, os equipamentos começam a chegar hoje, e só para todo mundo conferir, os layouts dos carros da Itaipava serão estes:

Agora fala para mim: Quando você imaginou que um patrocinador brasileiro iria estampar os carros da Lotus e da Penske? Pois é, quem sabe isso serve de exemplo e as empresas passem a explorar melhor o nosso automobilismo ao invés de vermos tantos talentos indo embora...

Paulo Kunze não resiste aos ferimentos e morre após 3 dias internado

O piloto Paulo Kunze, de 68 anos, acabou não resistindo aos ferimentos causados no último domingo em uma prova do Campeonato Paulista de Stock Car, no autódromo de Interlagos. Após um toque, o carro de Paulo voou sobre o guard rail na entrada da reta oposta e capotou várias vezes. O piloto sofreu um traumatismo crânio-encefálico e passou por cirurgia, porém não foi possível reverter seu quadro clínico.
A categoria utiliza chassis antigos da Stock Car e faz parte do Campeonato Paulista de Automobilismo, e no momento gerou uma discussão referente à idade máxima de um piloto de competição. Vale lembrar que é a terceira morte em Interlagos em pouco menos de 2 meses, porém em local diferente das duas anteriores e em condições diferentes também. Fala-se em colocar uma idade limite para os pilotos, porém não se fala em colocar um limite na idade dos carros, uma vez que alguns destes já ultrapassaram os 17 anos de idade. Está na hora de os dirigentes olharem um pouco mais para a segurança em vez de se preocuparem com o valor das taxas cobradas e de ficarem nesse jogo de empurra pelo qual o automobilismo vem passando.

Do jeito que a gente gosta!

Se o domínio imposto por Sebastian Vettel nas duas primeiras etapas deixou a sensação de que o restante do campeonato seria sem graça, o GP da China mudou esta visão. A prova foi cheia de ultrapassagens. Já na largada, Felipe Massa mais uma vez mandou Fernando Alonso lá para trás, Assim como a dupla da McLaren, que havia superado Vettel. Enquanto isso, lá de trás, depois de sair do décimo oitavo posto, Mark Webber fazia boa recuperação. Button liderou a primeira parte da prova, que também foi liderada por Felipe Massa após a parada do inglês, posição que perderia após entrar nos pits. Neste momento Hamilton teve uma piora no rendimento dos pneus, caindo de terceiro para quinto. Após a metade da prova, as estratégias passaram a ficar mais evidentes. Vettel, Massa e Alonso não entraram, o que mostrou que optariam apenas por duas paradas. A escolha acabou sendo crucial, e não pelo lado positivo. Após os outros pilotos realizarem a terceira parada, os três passaram a sofrer pressão, sobretudo na parte final da prova, rodando dois segundos mais lento que os pilotos que já haviam feito suas paradas, enquanto mark Webber vinha forte lá de trás, engolindo quem vinha pela frente.
Jenson Button chegou em Felipe Massa, que vinha em terceiro e fez a ultrapassagem sem maiores dificuldades. Para Nico Rosberg a ultrapassagem foi mais difícil, mas foi só uma questão de tempo, já que os pneus do brasileiro já estavam completamente desgastados. Massa ainda seria ultrapassado por Webber, que veio como um foguete e ultrapassou Rosberg e Button sem dificuldades, enquanto Fernando Alonso sofria para segurar Michael Schumacher.
Mas o grande (e definitivo) lance, aconteceu faltando 5 giros para o final. Lewis Hamilton colou em Vettel, que tentou resistir, porém, assim como Massa, já não tinha pneus para um embate, e acabou ultrapassado pelo inglês. Vettel ainda teve sorte, pois se a prova tivesse mais uma volta, também seria ultrapassado por Webber, que pode não ser o melhor piloto da Fórmula 1, mas sabe dar seus shows.  O resultado final foi este:

1- Lewis Hamilton (McLaren/Mercedes)
2- Sebastian Vettel (Red Bull/Renault)
3- Mark Webber (Red Bull/Renault)
4- Jenson Button (McLaren/Mercedes)
5- Nico Rosberg (Mercedes GP)
6- Felipe Massa (Ferrari)
7- Fernando Alonso (Ferrari)
8- Michael Schumacher (Mercedes GP)
9- Vitaly Petrov (Lotus/Renault)
10- Kamui Kobayashi (Sauber/Ferrari)

Quem não está muito contente (e com razão) é Luca di Montezemolo. A Ferrari até agora não conquistou nenhum pódio, repetindo o fraco desempenho de 2009. Parece que Alonso deixou aqueles dois décimos na McLaren depois que saiu de lá, e não tem sido superior a Felipe massa quando a equipe não lhe dá pereferência. É o preço do mau gerenciamento...

Tem que ser Bueno...

Em um comunicado, Cacá Bueno voltou a criticar a postura de Sérgio Berti, diretor de prova da última etapa da Stock Car, em Interlagos, que acabou com o falecimento do piloto Gustavo Sondermann na corrida da Copa Montana."Nesse briefing, após haver sido solicitado pelos pilotos mudanças no regulamento do reabastecimento e da largada por questões de segurança, o diretor Sérgio Berti falou que 'os pilotos tinham de ter consciência de que o automobilismo é um esporte de risco", explicou o piloto da Red Bull. Ele continuou: "Surpresos com tal declaração, os pilotos falaram que a não-mudança desses itens do regulamento poderia ocasionar acidentes graves, pondo em risco a segurança nossa e dos mecânicos que trabalham no reabastecimento. Nesse momento, o diretor de prova Sérgio Berti afirmou que 'no automobilismo as mudanças são feitas apenas após os acidentes. Acatarei como sempre qualquer decisão da CBA, mas não me sentirei seguro em participar de qualquer competição sob o comando deste diretor.Sabemos que o automobilismo é um esporte de risco, mas também sabemos que grande parte desses riscos é passível de eliminação ou redução quando um trabalho correto e dedicado é realizado nesse sentido". 
Na minha opinião, claro que a CBA foi omissa em alguns pontos, principalmente com relação à curva do Café, onde as mudanças já serão analisadas para que até o início de agosto haja uma área de escape (vide ilustração abaixo).

Mas se tem algo que achei simplesmente ridículo, foi a postura de Cacá (acima de tudo Bueno), em aproveitar o acidente de Sonderman para criticar o diretor de prova publicamente, mesmo porque o acidente nada teve a ver com as pautas colocadas no briefing, uma vez que o acidente não aconteceu na largada e muito menos durante um reabastecimento. Acho o seguinte: Quem achar perigoso, que simplesmente não corra. Os pilotos conhecem as falhas nos procedimentos de corrida e acima de tudo, nos projetos dos carros, e ninguém é obrigado a correr. Creio que se parar de correr, não será necessário à Cacá pedir esmola na rua. Claro, são mais do que necessárias as lutas por segurança, o esporte deve evoluir neste sentido, mas alguns pilotos, como me disse uma vez certo jornalista, vêem no automobilismo "uma evolução do autorama", onde meninos ricos e mimados (não estou falando de todos os pilotos, muito pelo contrário), aproveitam o dinheiro de seus pais para brincar, e deixam o profissionalismo de lado, como Bueno, que deve tê-lo deixado no hotel ao ir para a pista. Mais uma vez: Os pilotos têm todo o direito de reclamar, mas aproveitar a influência da RGTV para levar essa questão à imprensa é, no mínimo, lamentável. 

Grande Tony!

O chacoalhão que Tony Kanaan tomou na pré-temporada parece ter feito bem ao bom baiano. Se Will Power tem aproveitado a força da Penske para liderar o campeonato à moda de Sebastian Vettel, Tony tem dado um show e tanto. Foram 18 posições alcançadas. Tony partiu de 24º para alcançar um belo sexto lugar, que para ele foi como uma vitória: "Esse sexto lugar pra mim é como se fosse uma vitória. Tive problemas desde o começo do fim de semana, todos os treinos eu estava no fim da tabela, então, tenho que agradecer a todos da minha equipe pela ótima corrida, estratégia e pit-stops e, também, ao meu companheiro de equipe Takuma Sato e seu engenheiro por terem me passado o acerto do carro deles”. Tony também elogiou o novo sistema de relargada (em filas duplas), que aliás trouxe muito mais emoção à categoria, que viveu um período um tanto monótono. Aliás, monótona é uma coisa que a Indy parece não estar, apesar do domínio de Will Power nas duas primeiras etapas. No fim de semana tem mais Indy, e daqui menos de três semanas, finalmente São Paulo. estaremos lá acompanhando tudo de perto, e quem sabe Tony dá mais um show!

Rumo ao Bi

Pode até ser que aconteça algo durante o ano, mas acho que dificilmente o alemão Sebastian Vettel perca este campeonato. Ao contrário do desastroso início de temporada em 2010, quando teve problemas nas duas primeiras provas, dessa vez o alemão está com tudo. Embora a prova tenha sido bastante agitada, com ultrapassagens (algumas muito belas como a de Kobayashi sobre Schumacher), acidentes (como o de Petrov) e muitas outras disputas, o alemão simplesmente não tomou conhecimento de seus adversários e venceu fácil de ponta a ponta. Isso porque o KERS não tem ajudado os carros da Red Bull. Mark Webber não parece o mesmo do ano passado, e após a péssima largada, fez uma excelente prova de recuperação, assim como Felipe Massa, após ser prejudicado em seu primeiro pit stop. Massa, aliás, largou tão bem quanto na Austrália, e mais uma vez se colocou à frente de Fernando Alonso logo no início. O asturiano, porém, acabou se dando bem após o problema de Massa, mas depois acabou perdendo parte da asa durante uma disputa com Lewis Hamilton. Surpresa mesmo foi o desempenho das Lotus-Renault (a preta e dourada, não confundam). Após uma ótima largada, os carros mantiveram um ritmo bastante consistente, o que mostra também que muitos se precipitaram ao criticar o alemão Nick Heidfeld após o GP da Austrália. O alemão acabou conquistando um pódio, e quem deve estar muito chateado mesmo é Robert Kubica, que perdeu a oportunidade de competir com um belo carro. Paciência...
Já no final da prova, Webber e Massa travaram uma boa disputa pela quarta posição, depois de virem lá de trás se recuperando. O australiano levou a melhor, e Massa reclamou um pouco do desempenho da Ferrari com pneus duros. No final, ficou assim:

1 - Sebastian Vettel (Red Bull/Renault)
2 - Jenson Button (McLaren/Mercedes)
3 - Nick Heidfeld (Lotus/Renault)
4 - Mark Webber (Red Bull/Renaul)
5 - Felipe Massa (Ferrari)
6 - Fernando Alonso (Ferrari)
7 - Kamui Kobayashi (Sauber/Ferrari)
8 - Lewis Hamilton (McLaren/Mercedes)
9 - Michael Schumacher (Mercedes GP)
10 - Paul di Resta (Force India/Mercedes)

Mais uma coisa me chamou a atenção: Os pilotos da Sauber fizeram mais uma bela apresentação, apesar dos problemas de Sérgio Pérez. Realmente a saída das fábricas fez um bem danado às equipes independentes e à Fórmula 1 em geral. E quem não tem ido bem é a Mercedes, andando próxima de equipes como a Force India. É o mal das grandes organizações, que não dão liberdade suficiente à gênios como Ross Brawn. Sorte de Newey, fazendo e acontecendo na Red Bull!

Webber dá as caras

Tudo bem que se tratou só do treino livre da sexta, mas parece que as mudanças realizadas no chassi de Mark Webber surtiram efeito. O australiano foi o mais veloz no treino dessa madrugada, seguido de Jenson Button. Mas, a surpresa maior continua sendo a McLare, que na pré temporada mostrou incríveis dificuldades e agora está (muito) à frente da Ferrari, que foi apenas a sexta colocada com Felipe Massa, que não pareceu muito animado e disse que Red Bull e McLaren terão mais força nesse final de semana.
Os treinos oficias serão transmitidos a partir das 5 da manhã de sábado, e se quiser acompanhar, basta clicar no link ao lado.

Crônicas de uma tragédia anunciada

Uma amiga minha disse "300 cv, chuva, inevitável..." Será? Apesar do conjunto de acontecimentos (falta de visibiladade, um pneu montado ao contrário), creio que sim, poderia ter sido evitado. Vou lembrar de uma data que talvez muitos se lembrem: 1 de maio de 1994. Depois do choque na Tamburello a mais de 250 por hora, Ayrton Senna morreu poucoas horas depois no hospital Maggiore em Bologna (ou pelo menos sabemos assim). Lembro que na curva já haviam sofrido graves acidentes com Nelson Piquet, Gerhard Berger e Riccardo Patrese. Aí todo mundo falou: "Esperaram alguém morrer para tomar uma providência". Claro, eu era fã de Ayrton Senna e chorei muito, como muitos brasileiros. Mas qual é a diferença de Ayrton Senna para Gustavo Sondermann? Ou para Rafael Sperafico? Ou para o motociclista que morreu na mesma curva no mês passado cujo nome ninguém sabe? Uma vida é uma vida. O destaque de Ayrton dentro e fora do Brasil era infinitamente maior, e claro que a FIA se sentiu demasiadamente pressionada por mudanças (tardias). Mas por aqui o negócio é diferente. Estamos no Brasil, onde a memória curta só perde em grande escala para o descaso. O mais bonito de tudo, é que ao invés de se estudarem mudanças, procura-se culpados. Aqui não esperaram um morrer para proporem mudanças para o Café. Foram necessárias 3 mortes para se esperar uma discussão. A de Rafael não teve tanta repercussão e foi chamada de fatalidade, a do motociclista, só quem trabalha no autódromo ficou sabendo, e a de Sondermann foi transmitida ao vivo. Minha noiva faz questão de dizer que não entende nada de automobilismo. No entanto, ontem pela manhã ela me dissse "Se ele não tivesse voltado para a pista não teria tido problema, o problema foi os que bateram nele". Pois é. Não precisa entender de automobilismo para saber que o café precisa de uma área de escape. Ano passado houve um acidente no treino da Superbike onde o piloto não morreu por milagre, mas teve múltiplas fraturas na perna, porém ninguém ficou sabendo. Quando se fala em acidentes no café, dizem que "é o mesmo local em que Mark Webber e Fernando Alonso bateram em 2003". Não sabem que de lá para cá aconteceram muito mais acidentes, mas não foram transmitidos ao vivo para o mundo todo como na Formula 1. Agora 3 já morreram lá. O que vão esperar para realmente tirar a discussão do papel, isso eu não sei. Porque ao contrário da Tamburello, não esperaram que apenas um morresse lá.

Tristeza

Um domingo de corrida geralmente é uma festa. E eu já me preparava para falar sobre a etapa de Interlagos da Stock Car, da fantástica corrida de Thiago Camilo e da sorte de Cacá Bueno em assumir a ponta depois de problemas de seus concorrentes. O domingo já estava quase acabando no Autódromo de Interlagos quando uma chuva fina porém consistente começou a cair pouco antes da etapa da Copa Montana. A largada foi dada com Safety Car, justamente para que os pilotos pudessem sentir melhor as condições da pista. Logo após a largada, um acidente obrigou a reentrada do Safety Car. Na quarta volta, logo após a relargada, o carro de Gustavo Sondermann (29) foi tocado pelo carro de Tiago Geromini na curva do café, a mesma onde há pouco mais de 3 anos o paranaense Rafael Sperafico (então companheiro de Sondermann) morreu após uma batida com Renato Russo. Sondermann foi atingido em cheio por Pedro Boesel, e depos por Marcelo Cesquim e Marcelo Tomasoni. A direção de prova acionou mais uma vez o Safety Car, e logo depois a prova foi encerrada sob bandeira vermelha. Gustavo sofreu uma parada cardíaca e teve que ser reanimado na pista. Imediatamente foi levado para o Centro médico e então para o Hospital São Luiz, onde há pouco mais de uma hora foi decretada sua morte cerebral.
Sondermann foi o campeão da Pick Up Racing em 2008 pela equipe Full Time, e ano passado participou de algumas corridas pela Copa Caixa Stock Car, e era considerado um dos grandes talentos dos anos 2000. Mas a morte de Sondermann é muito mais do que uma coincidência. talvez negligência seja a palavra mais adequada, afinal o histórico da curva do café, uma curva veloz e sem área de escape não é dos melhores. Fernando Alonso esptifou sua renault em 2003 e vários acidentes em categorias nacionais já aconteceram nessa curva, e esperava-se que houvesse mudanças após a morte de Rafael. A única mudança foi a introdução de Softwall no lugar dos pneus, mas percebeu-se, hoje, que a medida foi ineficiente, uma vez que o perigo não reside no muro, e sim no retorno para a pista após tocarem no muro. Os carros também não sofreram grandes mudanças após o acidente de 2007, e na verdade, não sofrerão nem após a segunda morte.

O Hospital São luiz espera a falência dos órgãos para emitir um comunicado oficial. Triste fim para um domingo que podia ter sido apenas de festa.