Falando de Corrida

Novidades, lembranças e curiosidades do nosso esporte a motor

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domingo, 30 de junho de 2013

O pneu do constragimento

O final do Grande Premio de Silverstone não foi o suficiente para diminuir a vergonha do que foi a primeira parte da corrida. Nem as recuperações de Felipe Massa e Lewis Hamilton serviram para deixar uma imagem positiva do que é a Formula 1 hoje. Foram 4 pneus que explodiram sem nenhuma forte razão,uma entrada do Safety Car para amenizar o problema e um batalhão de fiscais para recolherem detritos na pista, como isto fosse razão para explicar o problema.
Em 2009, me lembro de conversar com Matheus Stumpf, que na época pilotava um Dodge Viper na GT3 Brasil e sofria constantemente com os pneus que explodiam. A fábrica não dava uma razão jusificável para o problema, que não ocorria com o fornecedor, a Michelin. Nossa Stock Car também sofre com este tipo de situação, mesmo em corridas curtíssimas. Nestes três casos (F1, Stock e GT3), só existe uma coisa em comum, que é o fornecedor de pneus. Sendo assim, me pergunto: Como trabalha a Pirelli e quanto levam a sério o automobilismo? Será que a única coisa que importa para eles são as fotos de seus P-Zero estampando as matérias sobre F1 e as placas de publicidade espalhadas pela pista ou a qualidade de seus compostos?
A desculpa da Pirelli está na encomenda que a F1 faz dos pneus. Ok, mas eles devem perder a aderência, e não explodirem como balões de festa. Hoje o prejuízo ficou em alguns pontos para Lewis Hamilton e Felipe Massa, mas pneus que explodem a 300 por hora podem causar consequências mais graves, afinal é um esporte que envolve muitas vidas. Fora o prejuízo de imagem para a categoria, o que afasta público, patrocinadores e montadoras. Quem vai querer gastar milhões em carros competitivos para os verem perder corridas por falta de pneus? Eu não ficaria muito contente. Imagine então a Mercedes, que hoje poderia ter emplacado uma dobradinha com o piloto local no topo do pódio.
Não existem pneus imunes à estouros, isto é fato. Mas não se vê acontecendo isso tão frequentemente com os Firestone da Indy, Goodyear da NASCAR e Michelin da WEC. A Michelin, aliás, que sofreu um problema semelhante no GP dos USA de 2005, quando fornecia pneus para a F1 e que obrigou a corrida a contar com apenas 6 carros. Aquele foi uma espécie de suicídio da marca na categoria, embora o episódio tenha sido muito menos vexatório do que as duas últimas temporadas da Pirelli.
Por mais emocionante que tenha sido o GP de Silverstone, com um final tão eletrizante, não serão apagadas facilmente as situações causadas pelos pneus Pirelli. está na hora de algo ser feito, afinal, fica cada vez pior acordar no domingo de manhã e ver uma categoria cada vez mais distante do que um dia foi a F1, inclusive em qualidade de equipamentos.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Querida "presidenta"

"Presidenta"...
Gostei muito de suas palavras hoje. Vejo que a senhora deve ter Facebook, pois deve ter lido aqui esse tipo de insatisfação. E a senhora, por estar muito ocupada viajando para apertar mãos e prostituindo nossa pátria com a Copa do Mundo (a qual, segundo a senhora, não está sendo paga com dinheiro público e sim com financiamentos, que pelo seu discurso dá a entender que sairão de seu próprio bolso), não teve tempo de notar nossas necessidades, e tivemos que sair à rua para gritarmos. Concordo com a senhora quando afirma que violência é condenável! As pessoas que sofreram com seus atos terroristas na ditadura também achavam isso! A senhora pretende combater a corrupção, melhorar a saúde e principalmente a educação, da qual a senhora deve ter se lembrado ao ser vaiada na frente de Joseph Blatter. Só uma dúvida: A senhora só tem mais um ano e meio de mandato, deseja que lhe confiemos quanto tempo para essas realizações? Mais 4 anos? já foram 8 anos de seu mentor, mais 4 da senhora... Ah, acho que 4 anos não serão suficientes, então o PT necessita de quanto tempo mais? Sim, porque mais 2 mandatos e já teremos sofrido, deixa eu ver... 20 anos, o mesmo que durou a ditadura. A ditadura foi cruel, muitos inocentes morreram. Assim como inocentes morrem todos os dias nas filas dos hospitais, nas esquinas assassinados pelos coitadinhos dos menores de idade e dos seus indultados de Natal, dia das mães... são os nossos direitos humanos, aqui bandido não precisa planejar fuga, é só esperar uma data especial. Então, podemos considerar seu partido uma ditadura, estou certo? Sei que ontem a senhora foi pedir ajuda ao nosso ex presidente, na verdade a senhora apenas se elegeu para tentar perpetuá-lo no poder, com seus discursos eloquentes e populistas. Mas essa democracia está aí para o nosso bem, sem os partidos políticos não temos democracia, verdade! Agora me explique, qual o tipo de ideologia política deles, por favor. Não vejo muito sentido em termos centenas de partidos que se coligam com apenas 2 no final de tudo. Sabe, na verdade já estamos na ditadura há 20 anos, pois se pensarmos bem, vocês só foram a continuação de uma gestão ridícula que nada mais foi do que a herança do governo Itamar, que foi herança do Collor, que foi herança do Sarney... já são 28 anos! É Dilma, não sei se devemos chamar isso de democracia. Mas, como o disse o renato Russo, somos o país do futuro! Mas seria um futuro igual ao da Espanha, que estimulou uma economia irresponsável como a sua? Presidenta, veja bem! Não adianta a senhora fingir que está preocupada, dessa vez ninguém vai fingir que acreditou.
Por fim "presidenta", não espero realmente que isso termine com sua deposição, de coração. Quero a deposição do seu partido e de seus cúmplices. Espero, em nome dos brasileiros, uma reestruturação total dos partidos deste país. Estamos cansados, mais cansados do que 3 horas de transito perdidas nas manifestações. sabe por que, "presidenta"? porque 3 horas para mudar o Brasil valem muito mais do que 28 anos perdidos com essa democracia falsa de vocês. Boa noite "presidenta". E boa sorte.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Falando de prioridades


Nestes dias manterei meu blog sem postagens. Não acho que exista algo mais importante do que a situação em que o país se encontra neste momento. É uma pena que alguns atletas estejam falando tanta bobagem a respeito de o povo esquecer as manifestações e apoiar o país na Copa das Confederações. Não há esporte que se sobreponha ao fato de o Brasil sair às ruas pedindo o fim de tudo o que vem oprimindo o país há décadas. Se há algo que tem que ser esquecido neste momento é um esporte que deu a um cidadão um status de semideus por ter feito mais de mil gols, que não tiraram o país da miséria, um atleta que jamais utilizou seu prestígio Internacional para fazer algo de verdade pelo seu país, seguindo o raciocínio de outro fenômeno da idiotice ao dizer que Copa do Mundo não se faz com hospitais. Isso mesmo Pelé, isso mesmo Ronaldo. Vamos esquecer os problemas do Brasil. Vamos continuar apoiando este esporte que nos trouxe, em sua maior parte, ídolos fúteis, sem nenhum conteúdo nem o mínimo de inteligência que ganharam milhões por chutarem uma bola. Que deram seus exemplos com filho traficante ou casos com travestis. Vamos honrar a pátria de chuteiras, que relega toda e qualquer manifestação esportiva ao status de esporte de burguesia (como é o tênis na opinião do nosso excelentíssimo ex-presidente), cujos atletas enchem os bolsos e colaboram com o esquecimento do que é um país, aqui resumido em uma seleção decadente. Nosso país não é feito de Ronaldos nem de Pelés. Não vou generalizar, pois o esporte verdadeiro é feito de outro tipos de atletas É feito de Raís e de Cafus, que pouco se promovem e preferem usar seu prestígio para levar o esporte de maneira real e pura a quem necessita de educação. Não acho que caiba colocar um evento esportivo frente dos problemas da Nação, muito menos um evento que de popular tem só o apelo. Por hora vamos nos esquecer de tudo: Futebol, automobilismo, vôlei, tênis e o que quer que seja. Vamos nos concentrar na construção de um país melhor. Não é hora de falar de corrida.

sábado, 15 de junho de 2013

Adiós, Pépe!


Seria clichê dizer que hoje o automobilismo ficou mais triste. Vou então dizer que ficou mais vazio. Aos 90 anos José Froilán Gonzáles, o Touro dos Pampas (ou Pépe Gonzáles para los hermanos), faleceu aos 90 anos em Buenos Aires. Conhecido pelo seu estilo agressivo ganhou este apelido nos anos 50, quando correu na elite do automobilismo, em uma época em que Formula 1 era muito mais do que choradeira e a 24 de Le Mans podia ser considerada tentativa de suicídio. Disputou o Mundial ao lado do lendário compatriota e amigo Juan Manuel Fangio, o qual foi também sua inspiração para entrar para o esporte, e tem como glória no currículo ter dado à Ferrari, a maior vencedora da história da F1, sua primeira vitória, no GP de Silverstone de 1951. Sua contratação por parte de Enzo, aliás, foi surpreendente na época, pois 29 anos era uma idade muito pouca para os padrões da época. Seu tipo físico em nada lembra os pilotos de hoje (a não ser Tony Stewart, da NASCAR Sprint Cup), o que não o impediu de vencer corridas.
Embora tenha sido considerado em seu país "um piloto quase tão bom quanto Fangio", isso não soa de maneira desrespeitosa quando se trata da comparação com alguém que para muito até hoje é insuperável em suas conquistas, e tampouco diminui o respeito e o reconhecimento que o acompanharam durante toda a sua vida por parte de seus compatriotas. Além disso, venceu a 24 Horas de Le Mans de 1954, quando não se contava com a estrutura e segurança de hoje em dia, e os carros eram extremamente difíceis de pilotar.
Mas o caso mais emblemático de sua curta carreira (foram apenas 26 GP's e apenas duas temporadas completas) também ocorreu no ano de 1954. Acontece que o então piloto da Ferrari perdeu o título justamente para Juan Manuel Fangio, que se tornava naquele ano o segundo bicampeão da história. Quando os dois desembarcaram na Argentina, o povo festejou mais o fato de Froilán ter emplacado uma dobradinha do que Fangio ter sido campeão. Talvez Froilán tenha se tornado, até hoje, o mais aclamado vice campeão da história da Formula 1. Um feito e tanto, em um esporte onde o segundo a chegar é considerado o primeiro a perder. Talvez menos para Froilán, o vice mais campeão da história. Adiós, Pépe!

Observação: Eu estava preparando um post sobre James Hunt para lembrar os 20 anos de sua precoce morte, mas achei importante fazer uma última homenagem à quem se foi hoje.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Semana trágica


Eu costumo dizer que o automobilismo é um esporte ingrato. Em todos os sentidos. Às vezes não achamos nada mais injusto do que um piloto liderar uma corrida inteira e sofrer uma quebra ou uma pane seca no final da prova. OU um bom piloto ficar de fora como aconteceu com Kamui Kobayashi. Mas nada mais injusto do que um piloto perder a vida fazendo o que gosta, como ocorreu com Jason Leffer na última quarta-feira.
Jason não era um dos grandes ídolos do esporte. Embora tenha tido uma carreira respeitável no automobilismo norte-americano, Jason era o tipo de piloto que corre pura e simplesmente pela paixão ao esporte, e cujas vitória vêm por consequência. Ganhou o que podia correndo em midget cars, correu nas 3 categorias principais da NASCAR, onde somou 3 vitórias e correu para gente como Joe Gibbs e Chip Ganassi, e no último domingo voltava à categoria em Pocono. Estava feliz por voltar à categoria máxima dos USA, e como disse, estava de volta à pista.
Em uma prova de sprint cars em Bridgeport (New Jersey) em uma pista de terra, infelizmente sua alegria chegou ao fim. Esse esporte tão ingrato com aqueles que o amam acabou fazendo de Jason mais uma vítima. Curiosamente, ele havia estreado na Sprint Cup (na época ainda Winston Cup) em uma prova trágica, onde Dale Earnhardt perderia a vida na última curva. Nesta semana, infelizmente chegou a vez de Jason.
Mais uma vez saiu uma porção de besteiras por parte da mídia “especializada” e de seus “entusiastas” ignorantes, que teimam em chamar a NASCAR de loucura e estupidez. Usaram inclusive o fato para exaltar MMA, como se uma coisa tivesse a ver com outra. Bem, no automobilismo ninguém vai à pista para agredir outro ser humano por um punhado de mangos, há apenas profissionais que entram em um carro cientes do risco oferecido.  Há aqueles  que ficam aquém do limite e outros que por vezes o ultrapassam, motivados pelo prazer que o risco oferece. Há aqueles que têm menos sorte, ou um dia ela abandona alguém, como já aconteceu com tantos ídolos desse esporte, o que também não o torna repugnante como tantos o preferem rotular.
Este trágico acontecimento veio em uma semana que começou justamente com a tragédia do Canadá, onde um fiscal morreu após a corrida. Foi uma semana que mais uma vez serviu para nos lembrar que o automobilismo nem sempre é feito de alegrias, o que não nos impede de permanecermos apaixonados. Àqueles que não gostam do esporte, minha sugestão: Continuem acompanhando seus esportes preferidos mergulhado em sua ignorância. Àqueles que amam (assim como eu), façamos o possível para que esses grandes profissionais que perderam suas vidas no nosso amado (e ingrato esporte) jamais sejam esquecidos, independente dos resultados que alcançaram em suas carreiras. E descanse em paz, Jason.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Falando de Cinema, parte 1: Dias de Trovão


A década de 80 representou uma década de transição no cinema norte-americano. Com o advento das artes gráficas e a necessidade de produções mais ousadas, não foram poucos os diretores que resolveram se arriscar com produções que tendiam mais pelas cenas impressionantes do que pela história em si. Assim, em 1986 Tony Scott acertava a mão em “Top Gun”, consolidando de vez o astro Tom Cruise no comando de possantes caças em impressionantes cenas de ação. O filme (embora fraco de roteiro) se tornou como uma das maiores produções da história do cinema, e Tony então percebeu que Tom Cruise+máquinas velozes fariam sucesso em outros tipos de produção. Foi assim que 4 anos depois, com Cruise nos roteiros, que nasceu um filme que resgatou um gênero então abandonado a algum tempo dos grandes estúdios de Hollywood. “Dias de Trovão” era a maior filmagem sobre uma história de corrida em muitos anos (7 anos antes Burt Reynolds havia estrelado Stroker Ace, que era mais estilo sessão da tarde do que de telonas), contando com um grande elenco.
Nos papéis principais, Robert Duvall fazendo o  chefe de mecânicos durão que tentava controlar o jovem e arredio Cole Trickle, personagem de Cruise e Randy Quaid, o mandachuva da equipe. Além deles apareceria também Nicole Kidman, como a Dra. Claire Lewicki, por quem Trickle se apaixonaria (e com quem Cruise se casaria na vida real). Participações de pilotos como Richard Petty e Rusty Wallace não passam despercebidas, e são um ingrediente a mais para trazer o real ambiente da maior categoria dos USA.

O filme não foi nenhum documentário sobre regras da NASCAR. Carros rodando e retornando sem que a amarela fosse acionada ou ainda em alta velocidade após Big Ones foram só algumas das fantasias apresentadas no filme, mas que ficaram em segundo plano diante de cenas de pegas e acidentes impressionantes. Em contrapartida, mostra muito bem como os egos descontrolados dos grandes pilotos funcionam, gerando inimizades e comportamentos muitas vezes infantis, além do risco que isso pode causar em uma pista de corrida. As atitudes que tomam conta dos pilotos após grandes acidentes também ficam à mostra após um grave acidente entre Trickle e seu principal rival e desafeto Rowdy Burns (Michael Rooker).
Mesmo em se tratando de uma produção hollywoodiana, o que significa um certo exagero em sua produção, o filme é muito bom para quem curte automobilismo, e devido às poucas implementações tecnológicas da categoria, permanece atual mesmo 23 anos após sua produção. Não fez tanto sucesso quanto Top Gun, mas creio que ajudou muitos de nós a conhecer a tão diferente categoria americana, em uma época onde a maior exposição de automobilismo era a briga entre Ayrton Senna e Alain Prost.
Curiosidades...
O último rival de Cruise no filme, Russ Wheeler, era interpretado por  Cary Elwes, que faria o papel de rival de Charlie Sheen (plagiando Cruise) na comédia Top Gang.
10 anos depois deste filme, Duvall voltaria a interpretar um mecânico, dessa vez no remake 60 segundos, ao lado de Nicolas Cage, em um filme sobre um grande roubo de carros raros.
John C. Reilly, que interpretava o mecânico de Trickle, voltaria a desempenhar o papel em um filme sobre a NASCAR, na impagável comédia Talladega Nights (Ricky Bobby a toda velocodade). Mas este já é assunto para um outro post!

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Ao Fiscal desconhecido



Bem, você acorda 3 da manhã para chegar no autódromo às 5. A estrutura é precária, não dá para ser diferente. Você fica exposto ao tempo, passa por briefings intermináveis. Têm os malditos eventos de suporte, malditos eu digo porque sujam uma pista que você terá que limpar, com suas escapadas, motores estourados e pedaços de borracha. Mas você não está nem aí, está lá para trabalhar quase a troco de nada (no caso da F1 nada mesmo) com um lanche que não é nenhuma Brastemp. Às vezes se pergunta por que está fazendo aquilo, mas vive experiências incríveis, enche seu Facebook de fotos na segunda-feira, mostra no trabalho com todo orgulho e guarda lembranças para para toda uma vida. É o que você escolhe quando resolve ser fiscal de pista, para ficar do lado da pista concentrado com o rádio no ouvido para tentar não deixar nada passar em branco, acionar a bandeira no momento exato, tornar a corrida segura na medida do impossível, para muitas vezes ainda ouvir reclamação de piloto, como Rubens Barrichello fez comigo em 2008 por não concordar com uma bandeira azul quando na saída do box quase deixou a Ferrari de Raikkönen encher sua traseira. Mas, paciência, você está lá para isso, já que não pode estar dentro do carro quer participar da corrida de alguma forma, não apenas assistir.
Aí acontece uma corrida lá no Canadá, um descuido com um rádio e uma tragédia. Uma vida se perdeu, não foi a de Gilles Villeneuve nem a de Ayrton Senna. Não haverá comoção mundial, o corpo não atravessará uma cidade sobre um caminhão de bombeiros, aliás, qual era mesmo seu nome?
O descaso com o qual quem está ali simplesmente por paixão, fazendo a corrida de caso acontecer, fica visível no acontecimento de ontem em Montreal. Provavelmente ele foi orientado a tomar o máximo de cuidado com seu equipamento, que jamais poderia ser esmagado por um trator. O preço foi mais alto do que um Radio Kenwood, mas no próximo GP os fiscais estarão lá, trabalhando de graça, com total descaso, tudo para poderem dar uma volta nos boxes e poder tirar algumas sacrificadas fotos. São vidas que não têm muito valor no mundo milionário do automobilismo, embora se dediquem ao esporte muito mais do que quem ganha milhões por estar lá. Paciência. Talvez para alguns de nós estar em um autódromo valha mais do que um punhado de mangos. Pena que para os organizadores, as vidas não valham tanto. E minhas condolência a mais um herói anônimo, que mesmo não sendo piloto, aumentou as tristes estatísticas do automobilismo, mas que depois de amanhã será esquecido.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Isso é o automobilismo no Brasil


Ontem ficou mais do que clara a posição de federações, administrações municipais/estaduais e, acima de todos, Confederação Brasileira de Automobilismo, a respeito do automobilismo nacional, esse esporte de importância secundária que tem tido como principal fim a engorda das contas dos cartolas brasileiros. O vergonhoso estado de conservação de um autódromo que se localiza nada mais nada menos do que no Distrito Federal é mais um fiel retrato de como o automobilismo está sendo tratado no Brasil, onde esportes considerados “da elite” não servem para fazer propaganda populista.
O Autódromo Internacional Nelson Piquet, que na época de inauguração era um dos mais modernos do Brasil (senão o mais), sediou um GP de Formula 1 extra oficial em 1974 (vencido por Emerson Fittipaldi) e como toda boa obra nacional, foi se degradando com certa rapidez. Más administrações transformaram-no rapidamente em uma pista perigosa e visivelmente mal cuidada. No lugar de evoluir com o tempo, aquele que poderia ter sido nosso melhor autódromo foi chegando ao ponto que vimos ontem, com zebras mal feitas e grelhas metálicas se soltando, atrasando todas as atividades desde o sábado, em um fim de semana que marcaria a estreia de uma nova categoria, o Brasileiro de Turismo (Que chega para substituir a extinta Copa Montana, que substituiu a extinta Copa Vicar, que substituiu a extinta Stock Light).
O curioso é que foi investido cerca de 1,5 bilhão em um estádio vizinho ao autódromo, que após um mês de Copa do Mundo, nosso maior evento nos próximos mil anos (pelo menos é o que imprensa e governo fazem parecer) sediará apenas jogos da terceira divisão, já que o futebol não é lá muito forte no Distrito Federal. Provavelmente também será uma obra bilionária que será abandonada após um importante evento internacional, como as instalações do Pan Americano sofreram no RJ, que aliás, destruiu um autódromo para esse fim e selou seu destino com a chegada das Olimpíadas de 2016.
Quanto ao Autódromo de Brasília, é melhor que as reformas fiquem desse jeito, afinal a segurança dos pilotos não é importante. Playboyzinho que se arrisca a mais de 200 por hora o faz por quer, tem que correr o risco, não é verdade? E depois, é melhor criar uma chicane ridícula como fizeram com o café em Interlagos (mais para se dizer que algo foi feito do que para evitar acidentes de fato, já que há ao menos um acidente para cada evento após sua construção) do que terem que reformar um local de eventos cuja maior exposição serão alguns flashes de transmissão da RGTV em um horário ridículo não mais do que uma vez por ano, não é verdade? Mesmo porque a Stock tem exposição somente por ter filho de narrador no grid, e as categorias transmitidas pelas outras emissoras não têm, para os dirigentes, a mesma importância, afinal não são a maior rede de TV do Brasil. E se algumas não fazem questão nem mesmo de transmitir momentos importantes, como a comemoração de um brasileiro que acabou de vencer as 500 milhas de Indianapolis, o que dirá então da importância que dão à corridas nacionais? Quem se arrisca a patrocinar automobilismo com transmissões assim? Vamos mandar dinheiro para os novos estádios, que aliás já são inaugurados caindo aos pedaços!
O Brasil precisa aprender que esporte não é só futebol. O público já aprendeu faz tempo. Aliás, também já deixou de lado o “pachequismo” e aprendeu a curtir os esportes somente pelo show que proporcionam, e não para torcerem por brasileiros. Mesmo porque da maneira como o esporte em geral é tratado no Brasil, dentro de poucos anos não teremos representantes decentes em nenhum esporte. Nem mesmo no futebol. Se é que ainda temos...