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quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Número 5, parte 7: O duelo dos herdeiros


Damon Hill talvez seja um grande injustiçado na história do automobilismo. Não porque o considerem um dos piores campeões da história, mas sim porque não estava lá para isso. Hill não fora contratado pela Williams para ser o astro do time. Foi contratado no lugar de Riccardo Patrese, para ser apenas o coadjuvante dos astros (primeiramente Alain Prost e depois Ayrton Senna). Com a morte de Senna, foi jogado no olho do furacão: Possuía o melhor carro e agora era o astro principal do time, sem carisma e sem o talento suficiente para isso.
Se em 1994 Hill foi derrotado depois de um golpe sujo, o mesmo não pode ser dito de 1995, quando foi derrotado de maneira legítima, perdendo o campeonato com 3 rodadas de antecedência. Ficava claro, ali, que Hill não estava apto a entrar para a história como um dos maiores astros da Formula 1.
Em 1996 Não havia muito o que esperar do mundial. Michael Schumacher passaria a integrar a Ferrari, que até então amargava um jejum de 16 anos sem títulos e que claramente não se encerraria naquela temporada. A única expectativa girava em torno do contratado como companheiro de Hill, o canadense Jacques Villeneuve. Jacques chegava à Formula 1 não somente com um sobrenome famoso, mas também como campeão da Indy e vencedor da Indy 500.
E logo de cara, Jacques mostrou que não seria um adversário fácil. Liderou boa parte do GP de abertura, em Melbourne, e uma falha no motor o obrigou a tirar o pé, abrindo caminho para a primeira vitória de Hill na temporada. O Inglês, aliás, emplacou 3 vitórias no início da temporada,  Contra dois segundos lugares e um abandono do canadense.  Em Nürburgring, Villeneuve conquistaria sua primeira vitória, e Hill seria apenas o quarto. Mas em San Marino Hill voltaria a vencer, em uma corrida sem pontos para Jacques.
Em Mônaco, um dos GP’s mais improváveis  da história: Com grande parte dos pilotos principais fora da corrida (aliás, maior parte dos pilotos, já que somente 7 terminaram o Grande Prêmio), Olivier Panis não só sobreviveu à quebras e batidas como faturou o último GP da história da equipe Ligier, além de conquistar sua única vitória. O mais curioso, é que devido à festa em comemoração à sua vitória, o time acabou se esquecendo de pagar o hotel para Panis...
Na corrida seguinte, debaixo de uma forte chuva na Espanha, Hill não terminou e Villeneuve subiu ao pódio na terceira posição, naquela que seria a primeira vitória de Michael Schumacher pela Scuderia Ferrari. Hill venceria as duas etapas seguintes, No Canadá e na França, com Villeneuve formando dobradinha. Em casa, Hill não conseguiu terminar, e Villeneuve levou a segunda etapa da carreira. Na corrida seguinte (Hockeinhem), nova vitória de Hill, com Villeneuve na segunda posição.

Mesmo com a vitória de Jacques com Hill em segundo na Hungria, ficava claro que embora fosse rápido, o canadense não estava adapto o suficiente à Fórmula 1. Após 12 corridas, Hill havia faturado 7, contra apenas 3 de Villeneuve. Eram 79 pontos de Hill contra 62 de Villeneuve àquela altura do campeonato, faltando apenas 4 corridas. O curioso da história, é que a falta de brilho de Hill e o fato de Villeneuve não estar totalmente adaptado à Fórmula 1, levavam a mídia a produzir mais matérias sobre os pais dos candidatos ao título do que sobre eles próprios. Uma das matérias tinha o título de “À sombra dos pais famosos”, o que deixava claro o que cada um significava para a Fórmula 1 naquele momento. Damon, o filho do Mister Mônaco. Jacques, o filho do Príncipe da Destruição. E as TV’s exibiam repetidamente imagens de Graham voando pelas ruas do Principado e de Gilles voando baixo com o carro geralmente aos pedaços.
Jacques descontou 4 pontos na etapa da Bélgica, quando foi segundo e Hill o quinto, e após nenhum dos dois pontuar na Itália, descontou mais quatro em Portugal, quando venceu com Hill em segundo. O campeonato seria decidido em Suzuka, mas com Hill 9 pontos à frente, poucos acreditavam que Villeneuve pudesse levar o título que faltou ao seu pai. E de fato: Hill seguiu firme na liderança, enquanto Jacques abandonava com problemas em uma das rodas.
Para manter a tradição daquela década, Hill seria dispensado pela Williams justamente após conquistar um título, como havia acontecido com Mansell em 1992 e Prost em 1993. Foi para a Arrows no ano seguinte e acabou por encerrar a carreira na Jordan. Mostrou boas performances nos times pequenos, mostrou que era um bom piloto, mas nada além disso. E para um piloto nada além disso, foi tremendamente injusto desmerecer seu título, algo que muitos melhores do que ele jamais alcançaram.