Falando de Corrida

Novidades, lembranças e curiosidades do nosso esporte a motor

Powered By Blogger

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

E se?


Na história do automobilismo existem muitos “se”. Aquelas lacunas, as reticências de algo que não se concluiu, a história onde um ponto final abrupto permitiu reflexões e pensamentos. E hoje faz exatamente 15 anos que assisti a um desses episódios onde depois me perguntei “e se?”.
Era uma bela tarde de sol na Califórnia, a CART se preparava para sua penúltima etapa.  A categoria vinha em um clima não muito bom, pois pouco mais de um mês antes, vira uma jovem promessa uruguaia perder a vida depois de uma falha mecânica. Gonzalo Rodriguez teve o acelerador travado em plena Corckscrew em Laguna Seca e foi catapultado para um barranco, acidente ao qual não sobreviveu. Gonzalo faria sua segunda corrida pela Penske, que trabalhava a fim de se recuperar de uma sequência de temporadas ruins. O velho Roger substituía seus chassis próprios pelos renovados Lola, a fim de alcançar melhores resultados. E veio este golpe.
A morte de Gonzalo chocou a todos. Ele disputava a antiga Formula 3000 e iniciava sua carreira no automobilismo de elite. Carismático, possuía muitos amigos, e sua perda foi sentida. Faltavam 4 corridas para o fim da temporada quando seu carro voou barranco abaixo, e em Fontana, na prova final, todos procuravam esquecer, alguns focados na disputa do título e outros já focados na próxima temporada. Entre estes, a Penske.
Depois de duas temporadas extremamente ruins e do golpe da morte de Gonchi, Roger penske estava determinado a dar a volta por cima. Para a temporada seguinte, iria usar o imbatível conjunto Reynard – Honda – Firestone. E para completar o projeto, contratou dois dos melhores disponíveis do Mercado, O brasileiro Gil de Ferran e o canadense Greg Moore. Morre era conhecido por seu arrojo e talento. Com apenas 24 anos, já colecionava vitórias e boas exibições. E todos já o consideravam grande favorito para o ano seguinte.

O fim de semana de Fontana não havia começado bem para Moore. Em um acidente com uma Scooter, sofreu ferimento em uma das mãos e a equipe Forsythe chegou a chamar Roberto Moreno para substituí-lo. Mas na última hora, os médicos liberaram Moore, que foi para a pista mesmo sem estar em total condição. E mesmo assim, estava andando acima do limite.
Moore vinha muito rápido. Tanto que a equipe pediu para ele ter um pouco de calma. Sua resposta? “Ok, estou me divertindo!”. Na nona volta, a diversão acabou. Até hoje ninguém soube explicar o porquê. Talvez tenha sido o ferimento na mão, quem sabe? O fato é que seu carro escapou a mais de 300 por hora e se chocou violentamente contra o muro interno da pista. A batida foi terrível. O carro despedaçado capotou várias vezes. Moore foi retirado do carro e os médicos lhe aplicaram massagem cardíaca. Meia hora depois, a confirmação d que o esforço havia sido em vão. Aos 24 anos, acabava a história de Moore.

Para seu lugar, a equipe contratou o brasileiro Hélio Castroneves, que permanece na equipe até os dias de hoje. Nos dois anos seguintes à morte de Moore, o time foi campeão pelas mãos de Gil de Ferran. Foram vários títulos na IRL e na Indy reunificada desde então, além de vitórias na Indy 500 (3 pelas mãos de Hélio, que substituiu o canadense). Diante dos números, paro para penas e me pergunto: E se? E se Greg Moore tivesse deixado o carro nas mãos de moreno naquele fim de semana? E se ele tivesse tido nas mãos aquele time Penske? E se sua vida não tivesse acabado abruptamente naquele terrível choque? E se ele não tivesse tido o acidente na Scooter?

Mais uma vez, a história ficou incompleta. Várias perguntas, nenhuma resposta. O fato é que naquele 31 de outubro muita coisa se perdeu. A traumática cena do resgate de Greg Moore volta e meia me vem a cabeça. Fico pensando como estaria Greg Moore aos 39 anos, e o merecido sucesso que talvez tivesse alcançado, bem como Gonzalo Rodriguez. Não consigo responder. Por que à vezes, meu esporte favorito é também o mais ingrato de todos os esportes. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário