Falando de Corrida

Novidades, lembranças e curiosidades do nosso esporte a motor

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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Amigos da Velocidade


Antes de falar sobre a despedida da categoria máxima do esporte a motor no calendário de 2013, quero agradecer a oportunidade de poder fazer parte do time deste conceituado blog.
Sempre busquei um espaço para poder expressar minhas opiniões, emoções e ideais sobre a minha maior paixão, porém, nunca encontrei um espaço tão imparcial e sem vínculos ou interesses maiores para fazê-lo.
Até ontem, como leitor, crítico e fã do Falando de Corrida eu tinha um espaço para encontrar amigos das pistas e com eles debater sobre qualquer assunto ligado ao universo do automobilismo e isso por si só já me fazia feliz, mas hoje, como colaborador direto do blog, me sinto mais à vontade ainda para compartilhar e aprender  com vocês leitores, que como eu vivem e amam este assunto.
Ao mesmo tempo em que estou entrando no Falando de Corrida, vemos a F1 se despedindo em 2013 e deixando para trás alguns fatos que marcaram os fãs por todo o mundo e é sobre alguns deles que pretendo falar neste artigo.
Para quem não é alemão, esta temporada se mostrou um tanto quanto monótona, exceto por alguns incidentes e punições que mostram o quanto a Fórmula 1 e suas regras podem engessar a emoção tanto de pilotos quanto de espectadores.

Mas durante a temporada, vimos também cenas que reacendem a chama humanista que a tanto tempo não presenciamos e que devem ser consideradas não só como uma afronta aos dogmas e regras impostas pela Federação Internacional do Automóvel e suas afiliadas mundo a fora, mas também como amostra de que apesar de toda tecnologia embarcada em um bólido(que mais parece uma nave espacial, que praticamente se guia sozinha), existe um ser humano por trás do volante, que ainda controla aquela cavalaria toda.
Quem aqui não relembrou da carona que Senna pegou na Willians de Mansell em 91 quando viu Mark Weber sentado na Ferrari de Alonso em Cingapura?
Sim, naquele momento vimos dois ícones do “moderno” esporte a motor deixarem claro quem é que manda no espetáculo e que o coração fala muito mais alto que as vontades dos Bernies e Charlies da vida.
Zerinhos ao fim do GP?

Por baixo daquela fumaceira toda, o que vejo é mais uma vez a vontade humana de se sobressair sobre a máquina, demonstrando que o carro vai para onde o piloto manda e não para onde a equipe ou a organização quer?
Por favor, não confundam vontade humana com rebeldia ou anarquismo, até porque sabemos que existem regras que vieram para trazer mais segurança ao espetáculo e se hoje em dia não precisamos lamentar mais mortes de grandes pilotos como Senna é em partes responsabilidade delas.
Só que algumas vieram e se instalaram por interesses obscuros e fora do contexto da competitividade e com os anos o que vemos é a Fórmula 1 tentar recuperar um pouco da emoção...
Algumas tentativas propositais como o DRS, o Kers (o primeiro realmente trouxe um pouco de emoção as tentativas de ultrapassagens) e outras nem tão propositais assim como a incerteza de término de corrida que os mal projetados pneus  Pirelli trouxeram à tona durante algumas etapas.
Muito mais do que uma simples despedida, Mark tirando o capacete ao término da prova, foi uma amostra de que existe um piloto atrás da máquina e um puxão de orelha para aqueles que organizam o espetáculo, um puxão de orelha que diz que a categoria máxima do automobilismo só voltará a ser tão emocionante como em outrora foi a partir do momento que as inovações forem pensadas para o condutor e não somente para o conduzido.
Quem sabe a resposta esteja mais próxima do que imaginamos e a inovação na verdade seja uma reinvenção na qual tenhamos alguns itens revisitados e estudados.
Será que o retorno do câmbio manual seria tão ruim assim?
Obviamente representaria um retrocesso tecnológico, mas, talvez também um progresso na emoção. (tanto dos espectadores quanto dos pilotos que teriam que reaprender a guiar e com isso surgiriam novos desafios)
Enfim, são com devaneios assim que este que vos escreve se apoia para continuar sonhando com uma Fórmula 1 melhor.
No geral, falando ainda sobre esta temporada, mérito do alemãozinho Vettel, que soube como ninguém usar seu equipamento e com uma regularidade ímpar quebrou recordes e de uma vez por todas escreveu seu nome nos anais da F1.
Ano que vem será veremos um Felipe mais “solto”? um Kimi desafiando e elevando o nível do espanhol Alonso?(que talvez por falta de equipamento ou excesso de conforto como primeiro piloto tenha se acomodado no cockpit de sua Ferrari) e talvez até mesmo alguém tentando quebrar o domínio da RBR e seus carros perfeitamente equilibrados ?
A volta do motor V6, promete sacudir um pouco as coisas, trazendo novos projetos, novos acertos e exigindo novas habilidades dos engenheiros e pilotos.
E você? O que achou desta temporada? Sonha com algo melhor para a F1 ou está bom do jeito que esta?
(se você for da terra do Vettel ou do Schumacher, com certeza faz pelo menos uma década que você não tem do que reclamar).


Por Adriano Lima

Reforçando o time!


Bem, quando criei este blog em 2010, não o criei para que fosse o meu blog. Eu pretendia reunir alguns amigos com bom conhecimento e talento na escrita e falarmos... de corrida! Infelizmente compromissos profissionais e outras correrias do dia-a-dia acabaram fazendo com que eu ficasse solitário. Neste ano o blog ganhou um certo destaque, pessoas pedindo matérias e infelizmente, por falta de tempo, acabei não colocando tudo em prática, mas resolvi dar um "up", que incluiu mudança de layout, e maior divulgação. E como parte desse "up", resolvi reabrir o espaço reforçando o time. Após alguns convites, tenho o orgulho de apresentar o primeiro reforço, o meu amigo e irmão nas letras Adriano Lima. Ex-piloto de Safety Car e Medical Car em Interlagos, Adriano atua também como comissário de pista em Interlagos nas raras horas vagas do seu dia-a-dia como empresário. Também é co-autor do Livro "Os números nas pistas", que será lançado no início de 2014. Só falta em seu currículo a atividade de jornalista. Agora não falta mais. Ou seja, um reforço e tanto que só trará mais qualidade nos posts. Adriano, obrigado por aceitar o convite, seja bem vindo!

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Numerologia da Fórmula 1: Número 5, parte 6



A temporada de 1994 da Fórmula 1 não iniciava com as expectativas dos anos anteriores. Embora sempre um piloto ou outro fosse favorito, não havia quem colocasse alguém como adversário capaz de superar Ayrton Senna. Depois de duas temporadas sem chances de ser campeão devido à superioridade técnica da Williams, Ayrton finalmente foi contratado pelo time de Grove, e com as aposentadorias de seus 3 rivais (Nelson Piquet, Nigel Mansell e Alain Prost), todos duvidavam que alguém pudesse ameaçar seu título. Houve quem apostasse que ele seria campeão invicto (um claro exagero sensacionalista). Mas afinal de contas, quem faria frente às Williams? O único piloto que tinha um pacote técnico e boa capacidade no volante, ocuparia o cockpit do carro número 5: O jovem alemão Michael Schumacher.
Logo nos treinos do primeiro GP do ano, em Interlagos, a premissa se confirmou, com o domínio de Senna. Aliás, ninguém esperava outro final para o GP que não fosse a vitória do brasileiro. Senna liderou a maior parte da prova, até que após o último Pit Stop, Schumacher voltou à frente com boa vantagem, fazendo Senna ter que forçar o ritmo. Até que na volta 55, Ayrton rodou na junção, deixando Schumacher livre para conquistar a primeira vitória logo de cara. Flavio Briatore comemorou por estragar a festa de Senna, e Schumacher tem nesse GP sua melhor lembrança de Ayrton Senna, segundo ele próprio.
O GP seguinte seria em Aida, no Japão, onde seria disputado GP do Pacífico. Mais uma vez, Senna largou na pole. Mas logo na largada, foi tocado por Mika Hakkinen, e acabou sendo acertado por Nicola Larini. Caminho livre para a segunda vitória de Schumacher. E caminho livre também para as suspeitas sobre o carro do alemão: Senna sugeriu a possibilidade de que a Benetton estaria usando recursos eletrônicos proibidos, como o controle de tração, e pediu à Williams que solicitasse investigação da FIA.
Na mídia, a coisa esquentava: Jornais e revistas falavam sobre a surpreendente performance de Schumacher, e alguns estampavam “Schumacher 20 X 0 Senna”. Em uma entrevista poucos dias antes do terceiro GP, em San Marino, Schumacher afirmava: “Sei que tenho poucas chances, mas se algo der errado, vou para cima”. Mas ninguém contava com o que aconteceria em Ímola.
Logo na sexta-feira, Rubens Barrichello sofre um acidente fortíssimo, ficando impedido de correr aquele GP. No sábado, o austríaco Roland Ratzemberger bateu forte na veloz curva Villeneuve, vindo a falecer imediatamente. Era a primeira morte na Fórmula 1 em 8 anos. No domingo, na sétima volta, Ayrton Senna escapava e batia de frente na Tamburello. Acabava ali a era Senna na Fórmula 1, e Schumacher abria 23 pontos para seu principal adversário, o agora primeiro piloto da Williams, Damon Hill.
Em mais um GP marcado por um forte acidente (dessa vez com Karl Wendlinger nos treinos), Schumacher vencia em Monaco sem a mínima dificuldade, e Damon Hill não terminava a prova. Agora a vantagem subia para 33 pontos. Nem a vitória de Hill no GP seguinte abalou Schumacher, que venceu as duas etapas seguintes (França e Canadá), com o inglês apenas em segundo. Quando a Fórmula 1 chegou em Silverstone, metade da temporada, Schumacher tinha nada mais nada menos do que 66 pontos, contra apenas 29 de Hill. Foi quando as polêmicas começaram.
Na volta de apresentação do GP de Silverstone, Schummy fez uma ultrapassagem que lhe causou um Stop and Go. Como não entrou para cumprir a punição após 7 voltas, foi desclassificado, mas continuou na pista enquanto a equipe apelava. Nas voltas finais, parou para cumprir a punição, mas foi inútil: Ele foi realmente desclassificado, e Hill venceu a corrida. E pior:  Schummy tomara duas corridas de gancho. E a FIA ainda comprovou algumas irregularidades, que não puderam ser punidas devido à brechas no regulamento. Explico: foram encontradas ajudas eletrônicas, porém o uso não foi comprovado. E segundo a regra, nada impedia que o carro possuísse as ajudas eletrônicas desde que não fossem utilizadas. Mais uma de Briatore...
Na Alemanha, uma irregularidade finalmente comprovada (mas que não foi punida): A falta do filtro de segurança na bomba de combustível causou um incrível incêndio no carro de Jos Verstappen, em uma corrida que Schumacher não terminou. 

A descoberta foi suficiente para explicar o porquê das velozes paradas de boxes do time, que ficou com fama de trapaceiro. Mas vale lembrar que eles não foram os únicos a usar irregularidades: A Williams usou minissaias móveis no GP de Silverstone, a Ferrari usou controle de tração e Ainda, a McLaren softwares ilegais assim como a Benetton... e no final, o maior prejudicado foi Schumacher, sem poder correr nos GP’s da Itália e Portugal. Mas isso não impediu sua vitória na Hungria, nem (mais) uma desclassificação, dessa vez na Bélgica: Segundo a FIA, o assoalho de sua Benetton apresentou gasto um milímetro a mais do que o permitido, o que a equipe explicou que havia ocorrido devido à uma passagem pela caixa de brita. Explicação, essa, que não foi aceita.
Com as punições, Damon aproveitou para descontar 30 pontos, vencendo as três corridas, fazendo-se renascer no campeonato. Schumacher voltou no GP da Europa, vencendo e deixando Hill em segundo. Hill, por sua vez, inverteu este resultado em Suzuka, Fazendo com que o campeonato chegasse a Adelaide com Schumacher tendo apenas um ponto de vantagem.
A pole ficou com Nigel Mansell, que tinha como papel ajudar Damon Hill. Mas Schumacher conseguiu largar na segunda posição, pulou na ponta com Hill em segundo e manteve-se à frente de Hill até cometer um erro e danificar a suspensão de sua Benetton. Um quinto lugar daria o título a Hill, mas nem ele nem a equipe acreditaram no que Schumacher faria: Para garantir seu campeonato, jogou sua Benetton para cima da Williams de Hill. 

O inglês ainda chegou aos boxes, mas teve que abandonar a prova, pondo fim ao campeonato mais polêmico e estranho da história, o único de Schumacher que pode ser de alguma maneira contestado, dando a Schumacher o primeiro de 7 títulos. E dando a Damon Hill, o número 5.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Fim do drama


E após um período de tensão, finalmente Felipe Massa acertou seu futuro na Fórmula 1. Na data de ontem (11/11), Felipe confirmou o que já se especulava, e assinou um contrato de 2 anos com a tradicional equipe de Grove. Foi o que restou para Felipe, após a saída da Ferrari e as frustradas negociações com a Lotus. Sendo assim, o que esperar então? A analisar pela atual temporada tanto do time, quanto de Felipe, não muito, infelizmente.
De um lado, um Felipe Massa que não condiz com seu passado vitorioso. Foram inúmeras dificuldades nas últimas 4 temporadas. Depois dos acidentes em sua carreira (um físico em Hungaroring e um psicológico em Hockeinheim), Felipe Massa nunca mais foi o mesmo. Ainda é capaz de boas classificações, faz uma boa primeira metade de corrida, mas dificilmente acerta a mão quando muda o tipo de pneu. Do outro, um time inconsistente, que não conseguiu repetir nesse ano o sucesso da temporada passada, onde além de uma boa quantidade de pontos, ainda comemorou uma vitória após quase 8 anos de jejum. Trocando em palavras simples, não é o lugar ideal para se estar na Fórmula 1.
Felipe está na Williams porque ele precisa do time, e também porque o time precisa dele. Após o erro de contratar Valteri Bottas e Pastor Maldonado juntos (embora rápidos, os dois não possuem experiência para desenvolverem um carro), a equipe buscava como opção alguém com um bom retrospecto e que estivesse disposto a assumir seu carro, e Felipe caiu como uma luva. Ainda mais em uma fase de reestruturação de projeto devido à novas regras, sua experiência de mais de 10 anos de Ferrari talvez venha a calhar.
Para Felipe, a coisa se complica um pouco mais. Aos 32 anos, ele não é mais o jovem talento da Sauber nem o astro substituto de Schumacher na Ferrari. Conquistou inúmeros triunfos e admiradores em sua fase áurea, mas a sequencia de acontecimentos supracitados mudaram o panorama a seu respeito. A Williams foi o único lugar onde ele poderia estar se quisesse continuar na Fórmula 1, e dificilmente voltará a ter oportunidade em um time de ponta. Isso significa que Felipe terá uma vida pós-Ferrari tão brilhante quanto a de outros antecessores, como Michele Alboreto, Gerhard Berger e tantos outros que caíram no ostracismo após deixarem de vestir vermelho.
Felipe é o sexto brasileiro a correr para Frank Williams. Antes dele, José Carlos Pace, Nelson Piquet, Ayrton Senna, Rubens Barrichello e Bruno Senna passaram por lá. O único que experimentou o sucesso verdadeiro foi Nelson Piquet, mas foi também na Williams que viu sua carreira ruir, após um acidente na Tamburello. Depois que saiu da Williams, foram apenas 3 vitórias em 4 temporadas. Um retrospecto nada amigável para a torcida verde amarela.
Em minha modesta visão, Felipe merecia mais. Construiu uma carreira respeitável e foi ofuscado por um piloto que não era muito melhor do que ele, mas que tem um histórico de afundar seus companheiros de equipe. Infelizmente, a idade chegou, e com ela os novos talentos que tiraram de Felipe a chance de uma vaga melhor. Mas não custa ter esperança. Com novas regras e um novo motor, muita coisa pode acontecer. E sinceramente, seria legal ver tanto Felipe quanto a Williams dando uma volta por cima. Tanto um quanto o outro merecem. Não custa nada sonhar.