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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Numerologia da Fórmula 1: Número 5, parte 6



A temporada de 1994 da Fórmula 1 não iniciava com as expectativas dos anos anteriores. Embora sempre um piloto ou outro fosse favorito, não havia quem colocasse alguém como adversário capaz de superar Ayrton Senna. Depois de duas temporadas sem chances de ser campeão devido à superioridade técnica da Williams, Ayrton finalmente foi contratado pelo time de Grove, e com as aposentadorias de seus 3 rivais (Nelson Piquet, Nigel Mansell e Alain Prost), todos duvidavam que alguém pudesse ameaçar seu título. Houve quem apostasse que ele seria campeão invicto (um claro exagero sensacionalista). Mas afinal de contas, quem faria frente às Williams? O único piloto que tinha um pacote técnico e boa capacidade no volante, ocuparia o cockpit do carro número 5: O jovem alemão Michael Schumacher.
Logo nos treinos do primeiro GP do ano, em Interlagos, a premissa se confirmou, com o domínio de Senna. Aliás, ninguém esperava outro final para o GP que não fosse a vitória do brasileiro. Senna liderou a maior parte da prova, até que após o último Pit Stop, Schumacher voltou à frente com boa vantagem, fazendo Senna ter que forçar o ritmo. Até que na volta 55, Ayrton rodou na junção, deixando Schumacher livre para conquistar a primeira vitória logo de cara. Flavio Briatore comemorou por estragar a festa de Senna, e Schumacher tem nesse GP sua melhor lembrança de Ayrton Senna, segundo ele próprio.
O GP seguinte seria em Aida, no Japão, onde seria disputado GP do Pacífico. Mais uma vez, Senna largou na pole. Mas logo na largada, foi tocado por Mika Hakkinen, e acabou sendo acertado por Nicola Larini. Caminho livre para a segunda vitória de Schumacher. E caminho livre também para as suspeitas sobre o carro do alemão: Senna sugeriu a possibilidade de que a Benetton estaria usando recursos eletrônicos proibidos, como o controle de tração, e pediu à Williams que solicitasse investigação da FIA.
Na mídia, a coisa esquentava: Jornais e revistas falavam sobre a surpreendente performance de Schumacher, e alguns estampavam “Schumacher 20 X 0 Senna”. Em uma entrevista poucos dias antes do terceiro GP, em San Marino, Schumacher afirmava: “Sei que tenho poucas chances, mas se algo der errado, vou para cima”. Mas ninguém contava com o que aconteceria em Ímola.
Logo na sexta-feira, Rubens Barrichello sofre um acidente fortíssimo, ficando impedido de correr aquele GP. No sábado, o austríaco Roland Ratzemberger bateu forte na veloz curva Villeneuve, vindo a falecer imediatamente. Era a primeira morte na Fórmula 1 em 8 anos. No domingo, na sétima volta, Ayrton Senna escapava e batia de frente na Tamburello. Acabava ali a era Senna na Fórmula 1, e Schumacher abria 23 pontos para seu principal adversário, o agora primeiro piloto da Williams, Damon Hill.
Em mais um GP marcado por um forte acidente (dessa vez com Karl Wendlinger nos treinos), Schumacher vencia em Monaco sem a mínima dificuldade, e Damon Hill não terminava a prova. Agora a vantagem subia para 33 pontos. Nem a vitória de Hill no GP seguinte abalou Schumacher, que venceu as duas etapas seguintes (França e Canadá), com o inglês apenas em segundo. Quando a Fórmula 1 chegou em Silverstone, metade da temporada, Schumacher tinha nada mais nada menos do que 66 pontos, contra apenas 29 de Hill. Foi quando as polêmicas começaram.
Na volta de apresentação do GP de Silverstone, Schummy fez uma ultrapassagem que lhe causou um Stop and Go. Como não entrou para cumprir a punição após 7 voltas, foi desclassificado, mas continuou na pista enquanto a equipe apelava. Nas voltas finais, parou para cumprir a punição, mas foi inútil: Ele foi realmente desclassificado, e Hill venceu a corrida. E pior:  Schummy tomara duas corridas de gancho. E a FIA ainda comprovou algumas irregularidades, que não puderam ser punidas devido à brechas no regulamento. Explico: foram encontradas ajudas eletrônicas, porém o uso não foi comprovado. E segundo a regra, nada impedia que o carro possuísse as ajudas eletrônicas desde que não fossem utilizadas. Mais uma de Briatore...
Na Alemanha, uma irregularidade finalmente comprovada (mas que não foi punida): A falta do filtro de segurança na bomba de combustível causou um incrível incêndio no carro de Jos Verstappen, em uma corrida que Schumacher não terminou. 

A descoberta foi suficiente para explicar o porquê das velozes paradas de boxes do time, que ficou com fama de trapaceiro. Mas vale lembrar que eles não foram os únicos a usar irregularidades: A Williams usou minissaias móveis no GP de Silverstone, a Ferrari usou controle de tração e Ainda, a McLaren softwares ilegais assim como a Benetton... e no final, o maior prejudicado foi Schumacher, sem poder correr nos GP’s da Itália e Portugal. Mas isso não impediu sua vitória na Hungria, nem (mais) uma desclassificação, dessa vez na Bélgica: Segundo a FIA, o assoalho de sua Benetton apresentou gasto um milímetro a mais do que o permitido, o que a equipe explicou que havia ocorrido devido à uma passagem pela caixa de brita. Explicação, essa, que não foi aceita.
Com as punições, Damon aproveitou para descontar 30 pontos, vencendo as três corridas, fazendo-se renascer no campeonato. Schumacher voltou no GP da Europa, vencendo e deixando Hill em segundo. Hill, por sua vez, inverteu este resultado em Suzuka, Fazendo com que o campeonato chegasse a Adelaide com Schumacher tendo apenas um ponto de vantagem.
A pole ficou com Nigel Mansell, que tinha como papel ajudar Damon Hill. Mas Schumacher conseguiu largar na segunda posição, pulou na ponta com Hill em segundo e manteve-se à frente de Hill até cometer um erro e danificar a suspensão de sua Benetton. Um quinto lugar daria o título a Hill, mas nem ele nem a equipe acreditaram no que Schumacher faria: Para garantir seu campeonato, jogou sua Benetton para cima da Williams de Hill. 

O inglês ainda chegou aos boxes, mas teve que abandonar a prova, pondo fim ao campeonato mais polêmico e estranho da história, o único de Schumacher que pode ser de alguma maneira contestado, dando a Schumacher o primeiro de 7 títulos. E dando a Damon Hill, o número 5.

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