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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Numerologia da Fórmula 1: O Número 5, parte 4


No automobilismo, ninguém faz sucesso sendo um gênio sozinho. Quando um gênio encontra um bom piloto, temos um resultado positivo. Mas quando dois gênios se encontram, a parceria se torna histórica. E quando Gordon Murray (que nunca tinha tido a possibilidade de formar uma parceria ideal, fosse por falta de piloto fosse por motores ineficientes) encontrou Nelson Piquet, o resultado não poderia ter sido diferente.
Piquet estreou o número 5 da Brabham em 1980, após Niki Lauda se despedir temporariamente das pistas. O brasileiro e o austríaco haviam amargado uma temporada de transição, quando a equipe finalmente resolveu deixar de lado o pesado e gastão motor Alfa Romeo e optou pelo lendário Cosworth DFV. 
Após o vice campeonato, a Brabham já havia mostrado toda sua força, e chegava em 1981 com promessa de estar forte na briga pelo título, já que o eficiente (além de belo) Brabham BT 49 não parecia quase nada com aquele laboratório dos anos anteriores. Mesmo assim, foi apenas o terceiro colocado logo na abertura do campeonato, sendo batido pelas Williams, com o então campeão Alan Jones vencendo e com Carlos Reutmann selando uma dobradinha. Mas foi no GP do Brasil que o destino do campeonato foi então  traçado. Reutmann deveria, por acordo com a equipe, ficar atrás de Jones. O argentino desobedeceu, vencendo o chuvoso GP e causando uma grande discórdia entre o australiano e o resto do time. Conclusão: Um Jones desmotivado que não estava muito aí para sua carreira (embora ainda andasse rápido) e que não seria eficiente em roubar pontos dos adversários. E foi no GP seguinte, justamente na Argentina, que Piquet deu o troco em Reutmann, vencendo pela primeira vez no campeonato, o que seria repetido no GP seguinte, em San Marino. Mas, como naquela época Formula 1 era outra coisa e a confiabilidade não era um ponto forte, era praticamente impossível manter uma regularidade, e foram 3 provas sem que Piquet terminasse, enquanto Reutmann somou mais uma vitória (Zolder) e um quarto lugar. O argentino não venceria mais nenhuma corrida. Enquanto Williams e Brabham brigavam para manter a regularidade (algo que o time de Bernie Ecclestone “conseguiu” após  uma vitória na Alemanha), Gilles Villeneuve dava todo o tipo de espetáculo e transformava a temporada em uma das mais marcantes da história.
Curiosamente, Piquet não havia liderado o campeonato em nenhum momento, chegando à Las Vegas (última etapa) um ponto atrás de Reutmann. Tudo o que Reutmann não podia, era que Piquet terminasse à sua frente. Mas teve de assistir a uma vitória do companheiro de equipe e um quinto lugar de Piquet apenas do oitavo lugar, no apertado estacionamento do Caesar’s Palace, onde foi montado o circuito. E foi com um 5º lugar que o número 5 ganhava mais um título.

5, o retorno



Após ostentar o número 1 durante uma temporada frustrada (em 1982 a equipe Brabham resolveu mais uma vez usar o carro como laboratório, dessa vez do motor BMW Turbo), Piquet voltava a vestir o número 5. Os regulamentos técnicos mudaram drasticamente após duas mortes na temporada anterior. Os carros asa foram banidos, e as equipe buscavam melhores alternativas nos desenhos dos carros. Foi aí que Gordon Murray apresentou um dos mais ousados projetos, o Brabham BT52, cujo formato se assemelhava a uma flecha. E deu resultado logo na estreia:  Piquet venceu logo de cara, no GP do Brasil. Pela primeira vez, era tocado o famoso “Tema da Vitória”. A segunda prova, em Long Beach, não teve nada de convencional.  Para se ter uma ideia, o vencedor, John Watson, largou da posição 22 do grid (ganho de posições que mesmo 30 anos depois nunca foi superado).  Na prova seguinte, na França, Piquet foi apenas o segundo, enquanto Prost fazia a festa dos compatriotas. Com mais um abandono em San Marino, a coisa começava a se complicar para Piquet, agora empatado com Prost. Em Mônaco ele emplacou a segunda posição após uma bela vitória de Keke Rosberg, e voltou a ficar à frente de Prost.Mas nas duas corridas seguintes (Zolder e Detroit, nesta última tendo o azar de um pneu furado enquanto era o líder) foram apenas dois quartos lugares, contra uma vitória do francês, o que deixava este com leve vantagem. Para piorar, um abandono no Canadá, um segundo lugar na Inglaterra (justamente atrás de Prost), uma corrida sem pontos na Alemanha e um terceiro na Áustria (com mais uma vitória do francês) deixavam Piquet 14 pontos atrás com apenas 4 corridas faltando para o fim do campeonato. Era realmente dramático. Prost somava 3 vitórias, contra apenas uma de Nelson. Parecia que mais uma vez ele seria traído pela confiabilidade de um carro de melhor performance que o resto do Grid. Esse era o quadro do Campeonato em Zandvoort, onde o duelo seria pau a pau entre os dois pilotos. E Piquet seguia liderança, até que Prost tentou uma manobra desastrosa na curva Tarzan. Resultado: os dois estavam fora da prova. Pior para Piquet, que tinha apenas 3 provas para fazer ao menos 15 pontos a mais do que Prost, até então com um carro mais confiável. Mas só até então.
Foi em Monza que o milagre aconteceu: Em uma das pistas mais tradicionais do calendário, Piquet aproveitou o foguete que era seu motor BMW para emplacar uma vitória. Para seu alívio, Prost sofreu uma quebra, algo que ainda não havia acontecido naquela temporada, contra 3 de Nelson até aquele momento. A diferença era agora de apenas 5 pontos, faltando duas provas.

Em Brands Hatch, Piquet mais uma vez foi brilhante, mas Prost mantinha a liderança do campeonato com um segundo lugar, mas com uma diferença de apenas 2 pontos, com a vantagem de ter uma vitória a mais. Há exatamente 30 anos (15 de outubro de 1983) seria decidido o campeonato em Kyalami. A Brabham usou a tática de colocar pouco combustível em um dos carros, fazendo a concorrência aumentar o ritmo. Para a época, isso trazia duas vantagens: A primeira era fazer com que os carros adversários gastassem mais combustível e tivessem que parar mais cedo. A segunda era fazer com que isso ocasionasse quebras, já que confiabilidade não era uma das qualidades dos carros. E deu certo: Enquanto Prost forçava o carro brigando pelo terceiro lugar, seu turbo não resistiu, e o francês foi obrigado a abandonar a prova. Galvão Bueno aproveitou fazer das suas e contava o tempo em que o carro estava parado nos boxes sem perceber que Prost já havia saído do cockpit. Para Piquet, bastou manter um ritmo tranquilo para garantir um terceiro posto e ainda poupando seu equipamento. Com seu companheiro Riccardo Patrese vencendo a prova, Nelson conquistava seu bicampeonato. E pela segunda vez, pilotando o carro de número 5.

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