Para quem acompanha a Stock Car há pelo menos 10 anos, a abertura da temporada de 2013 não poderia ter sido mais fraca. Apenas uma categoria, visitação após a corrida e nenhuma atração extra corrida foram as marcas registradas da abertura da 35ª temporada da história da principal categoria do automobilismo nacional. A principal atração foi a estreia de Rubens Barrichello como piloto oficial da categoria. Fora isso, uma corrida decidida na estratégia e em um problema mecânico de Átila Abreu. Assim pode ser descrita a prova.
Para quem viu na TV, não fez muita diferença com relação aos anos anteriores. Mas para quem acompanha a categoria de perto, não valeu a pena passar a manhã de domingo em Interlagos se comparado à anos anteriores, quando a Stock chegou a ser composta por 4 categorias e ainda havia shows de acrobacias protagonizadas por Carlos Cunha. A categoria parece ter acompanhado o novo logo, sem sal nem açúcar, com pouco (ou quase nada) a ver com automobilismo. Não sei se isso tem a ver com a saída de Carlos Col, mas o fato é que a VICAR parece estar perdendo a mão com sua categoria mais forte.
A Stock tem sofrido nos últimos anos com uma crise de identidade. Após a saída dos grandes veteranos que fizeram sua história (gente do calibre de Ingo Hofmann, Chico Serra e Paulo Gomes), ainda deixou de lado gente de talento como Hoover Orsi por não ter um pai famoso na transmissora oficial. Mortes nas categorias de acesso, brigas políticas e um ingresso fracassado de montadoras não ajudaram muito em fortalecer a imagem da categoria, bem como lamentáveis erros de cálculo no combustível e pneus que estouram em poucas voltas.
A impressão que nos dá é de que a categoria tem ficado mais amadora com o passar dos anos, indo na contramão da tão buscada evolução tecnológica. Parece que o nível dos pilotos e das máquinas não tem sido acompanhados por engenheiros e nem pela organização. Corridas de apenas 40 minutos com falta de combustível por erro de cálculo e pneus estourando não fazem uma imagem forte da categoria. Basta acompanhar uma prova da Supercars V8,NASCAR ou DTM para entender o que estou falando. Nosso carro não está em um nível tecnológico tão abaixo (se comparado com a NASCAR, em certos quesitos estamos até à frente), mas parece não haver capacidade em oferecer um espetáculo em um nível condizente. Temos pilotos saídos da Formula 1, Indy e Supercar V8. Ok, nossos autódromos estão um lixo em sua maioria. Mas piorar os bons (essa chicane em Interlagos causa mais batidas do que a subida “limpa”) acaba com as possibilidades de show. E para o público então? Quem pagava 10 ou 15 Reais a mais para colocar o carro (com direito e colocar uma churrasqueira para fazer um belo churrasco ao som de um V8) e hoje não pode nem entrar com uma lata de Coca-Cola para assistir uma corrida sem graça e sem nenhum evento de apoio, tendo que pagar 10 mangos num espetinho sem vergonha, não deve sentir a mesma alegria em ir para os autódromos (falo isso baseado em Interlagos).
A Stock está sofrendo este efeito colateral graças à tentativa de se manter na grade de programação das manhãs de domingo da grande emissora carioca. Sacrificou suas categorias de apoio e tirou o prazer do público em frequentar as pistas. Barrou shows de acrobacias talvez pelo fato de o protagonista ter um programa na emissora rival. É um bom começo para enfraquecer uma categoria cujo principal público sempre foi aquele que encheu os autódromos – muito mais do que aqueles que sentam na frente da TV.
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