No final de 2009 a Renault tinha tudo para ir embora. Cada vez mais deixando de ser um time de fábrica, ainda sofreu um escândalo envolvendo a equipe: Nelson Ângelo Piquet, vendo-se prejudicado pela equipe, resolveu colocar a boca no mundo: Fez vir a público o plano que a equipe montou para tentar dar ao espanhol Fernando Alonso a vitória no GP de Singapura de 2008. Conhecido como “Crashgate”, o episódio marcado pelo acidente proposital provocado por Piquet terminou por desestruturar ainda mais um time já em crise: derrubou o dirigente Principal, o diretor técnico e afastou os patrocinadores do time. O único que se safou foi Fernando Alonso, pouco preocupado, já que tinha contrato assinado com a Ferrari para o ano seguinte.
O time ganhou um leve fôlego com a chegada dos patrocinadores trazidos por Vitaly Petrov e com a chegada do veloz Robert Kubica. 2010 não foi um ano ruim, mas a união com a Lotus programada para 2011 prometia um renascimento para o time. Aí veio mais um golpe: Kubica sofreu um grave acidente em uma etapa de rali que o afastou da categoria. Sem o grande trunfo, a Renault Lotus mostrou certa força no início do ano, com o alemão Nick Heidfeld no lugar de Kubica, mas não conseguiu acompanhar o ritmo dos outros times. Na parte final do campeonato, colocou Bruno Senna no lugar do alemão, mas o time não decolou, embora mostrasse potencial.
Então o ano terminou, e o time fez duas apostas: primeiro, recontratou Romain Grosjean, que havia passado pelo time sem sucesso, após a saída de Piquet. Depois, a carta na manga: Trouxe de volta à Formula 1 o rápido e controverso Kimi Raikkönen, que nunca foi um primor em relações públicas. O resultado pôde ser visto ao final do ano passado, com Kim vencendo uma corrida e terminando em terceiro no campeonato, à frente de times como McLaren, Ferrari e a própria Red Bull, e Grosjean andando rápido apesar dos constantes acidentes. Mas nada se comparou às malcriações de Kimi via Rádio, com seu famoso “Leave me alone” dirigido ao engenheiro durante o GP de Abu Dhabi, que seria vencido pelo próprio finlandês. O time aproveitou o episódio como uma peça publicitária, e junto às outras atuações de Kimi (portão fechado em Interlagos, campanha contra o desperdício de Cahmpagne no pódio...) transformou o finlandês (quem diria) no piloto mais popular da F1 atual, com direito à campanha de Natal e outros vídeos lançados no Youtube. O mais interessante é que ele parece realmente se divertir com tudo isso, deixando de lado o apelido de Iceman e sorrindo constantemente.
Com a faca e o queijo na mão, a Lotus mostrou competência nos testes de inverno, e ninguém exclui o time da briga pelo campeonato. Com o cara certo no lugar certo, a volta por cima do time mostra que um grande piloto ainda faz a diferença. Mas mais do que acreditar em seu conhecido talento, a grande jogada foi apostar em seu carisma. Por enquanto Kimi está se divertindo. Só fico pensando no dia em que se encher, virar de verdade para um repórter e proferir as palavras mais marcantes do final da temporada passada...
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