Quando a Penske demitiu o polêmico Kurt Busch por mau comportamento no final da temporada passada, poucos acharam que Brad Keselowski daria conta do recado no tradicional time de Roger Penske. Aliás, embora tradicional, o time jamais havia conquistado um título na categoria principal da NASCAR, e nem sequer é considerado um time grande, como a Hendrick ou Joe Gibbs. Keselowski então era apenas mais um jovem piloto talentoso disposto a brigar por vitórias em meio aos já consagrados Matt Kenseth, Tony Stewart, Kyle Busch e os dois principais nomes da categoria, Jeff Gordon e Jimmie Johnson. Mas a história não foi bem assim.
Brad comeu pelas beiradas e mostrou ter a frieza típica dos campeões. Venceu corridas de maneira convincente e ajudou a manter alto o moral do time, que depois de ter de demitir Busch, teve problemas com seu substituto, AJ Allmendinger, que foi pego no exame antidoping e também foi demitido da Penske. A atmosfera contribuiu de forma negativa, mas não abalou Brad, que conseguiu chegar ao Chase e venceu logo de cara. Sempe entre os primeiros, perdeu no Texas depois de um duelo espetacular com Johnson e assim deixou de liderar o campeonato. Para muitos, era o fim da campanha de Brad. Afinal, ter como adversário o maior campeão dos últimos 10 anos correndo pelo melhor time poderia ter colocado sobre Brad uma pressão maior do que ele talvez pudesse suportar. Mas sua frieza virou o jogo.
Na penúltima etapa, em Phoenix, Johnson forçou tudo o que não podia. Resultado: Terminou no muro. Além disso, viu Brad escapar da confusão causada por Jeff Gordon (que resolveu dar o troco em Clint Bowyer em um caso que vinha desde Martinsville) e assumir a liderança com 20 pontos à frente na última etapa. Jimmie teria que terminar 20 posições à frente se quisesse ser campeão. Não era fácil, mas mesmo assim a imprensa chamou a briga de “Davi X Golias”, afinal, Jimmie é sempre Jimmie, como ele provou em várias corridas. Em uma entrevista na semana da prova, ele disse que uma hora ou outra Brad teria que errar. Seu pensamento era plausível, afinal ele, multicampeão, errara.
Em Homestead Brad largou na frente, mas foi com cuidado. Disse em entrevista que manteria o seu ritmo e lembrou de Ayrton Senna, que resolveu atender ao pedido da equipe e diminuir o ritmo em Monaco no GP de 1988 e terminou no guard-rail. Ele não queria correr este risco, mas também evitou riscos desnecessários. Evitou uma briga mais forte e não ofereceu muita resistência à Johnson. Este resolveu optar pela estratégia, e apoucas voltas após uma parada, foi para os pits aproveitando uma nova bandeira amarela enquanto Brad permaneceu na pista. A jogada foi esperta: Mesmo tendo voltado poucas voltas após a sua parada, isso o deixaria com vantagem. Quando Brad foi para sua penúltima parada, voltou bem atrás de Johnson, sendo que ainda haveria uma parada para cada um. Johnson era então o líder do campeonato. Mas a equipe jogou tudo fora, quando um mecânico não colocou uma das porcas no pneu traseiro esquerdo e ele teve que voltar. A vantagem foi para o espaço, mas ainda havia alguma esperança. Poucas voltas depois, ele abandonaria por problemas mecânicos. O título era de Brad.
Foi um campeonato com muitos significados. O primeiro do jovem Brad, com apenas 3 temporadas completas, o primeiro da Penske depois de mais de 40 anos e o último da Dodge, que na falta de um grande time para o próximo ano resolveu deixar a categoria. O velho Roger Penske pôde finalmente comemorar um campeonato que foi ganho nos detalhes, assim como ele perdeu o da Indy, pouco mais de 2 meses atrás. Para Brad, foi a concretização de um sonho de sua família, que foi à falência para que ele pudesse chegar lá. Para o torcedor, foi mais uma demonstração da força do esporte, e de que automobilismo é muito mais do que driblar regulamentos para andar na frente.
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