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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Vestindo o carro - Parte 4


Nigel Mansell + Williams


Mansell sempre teve duas características: era rápido porém azarado. Passava também pelo afoito e muitos dizem que fazia muitas besteiras na pista. Mas todos vão concordar que o inglês sempre foi muito talentoso. Após passar alguns anos na Lotus sem obter vitórias, o Leão foi chamado para integrar a grande Williams em 1985, que buscava voltar ao topo, dessa vez com o motor Honda turbo. Mas Mansell viu, logo na segunda corrida daquele ano, seu substituto vencer com uma volta de vantagem sobre ele próprio. Claro que foi um GP debaixo de muita chuva, mas qualquer poderia sentir que não havia feito uma boa troca.
Foi no GP da Europa, em Brands Hatch, que finalmente o Leão obteria sua primeira vitória, e com um bom desempenho do time no final da temporada, ele poderia esperar por um grande ano em 1986. Acontece que em 1986 a Williams era um verdadeiro canhão, e o companheiro de Mansell era um motivado Nelson Piquet. Soma-se a um obstinado Ayrton Senna e um racional Alain Prost e não precisa dizer muito sobre como foi aquele campeonato. Talvez tenha sido uma das maiores disputas da história da F1, e Mansell não fez feio. Chegou como favorito na última etapa, mas um pneu estourado o fez abandonar a corrida. Aliás, Mansell demonstrou um perfeito controle do carro naquelas condições, e curiosamente o título teria ficado com Nelson Piquet, mas a Williams (ao ver o pneu de Mansell explodir), chamou o brasileiro para os boxes, deixando o título com Prost.
Mas 1987 seria diferente. A McLaren de Prost não era capaz de acompanhar o ritmo das Williams, bem como a Lotus de Ayrton Senna, e a disputa ficou entre Mansell e Piquet. Este segundo sofrera um grave acidente nos treinos para o GP de Imola, vencido justamente por Mansell, o que tronou o inglês favorito. Em Silverstone, uma ultrapassagem antológica fez dele mais favorito do que nunca, até que na penúltima etapa ele fez das suas: Sofreu um acidente desnecessário nos treinos, fraturando as costelas e ficando de fora. Piquet era Tri.
No ano seguinte a Williams perdeu os motores Honda, e Mansell sofreu as penas do inferno, o que lhe empurrou para a Ferrari em 1989. Venceu logo de cara e fez um bom ano, mas não se deu bem com o companheiro Prost em 1990, o que o levou de volta à Grove, com a promessa de um grande carro em 1991.
O carro veio, mas sofreu com a confiabilidade nas primeiras corridas. Também teve mais uma prova do azar de Mansell no Canadá, que ficou sem combustível na última volta (há versões de que estava tão lento administrando a vantagem que deixou o motor morrer). Teve uma roda mal aparafusada em outra ocasião, e mais uma vez no Japão, errou, deixando o Tri para outro brasileiro, Ayrton Senna.
Parecia que Mansell estava fadado a ser vice mesmo contando com o melhor carro, até que a Williams fez o carro perfeito, ou como disse Ayrton Senna, de outro planeta. Não houve concorrência alguma, Ele venceu 9 das 16 provas e finalmente se tornou campeão em sua casa favorita, consumando uma das mais marcantes parcerias da F1. 

Ao final do ano ele foi para a Indy, travar disputas espetaculares com Mario Andretti e Emerson Fittipaldi, tornando o ano inesquecível para a categoria. Em 1994 foi chamado de volta pela Williams para ocupar o cockpit de Ayrton Senna, vencendo em Adelaide a última corrida em sua carreira na F1. Em 1995 encerrou a carreira em uma malfadada passagem pela McLaren, da qual muita gente não se lembra. E lembrando de toda sua carreira, sou obrigado a admitir: Faz falta um leão desses na Formula 1!


Alain Prost + McLaren



O francês baixinho e narigudo sempre foi um candidato em potencial, mas nunca conseguira mais do que vice-campeonatos na bagunçada equipe Renault. Embora o time tivesse um grande carro, não possuía a estratégia das concorrentes, além de René Arnoux não colaborar com Prost como deveria. Quando a equipe contratou Eddie Cheever, este não era capaz de roubar pontos dos adversários, e com a equipe enfraquecida, Prost voltou, em 1984, para o time que havia defendido no início da carreira. Só que agora este time já estava muito mais forte, tornando-se um dos melhores lugares para se estar. Mas não seria fácil. O companheiro de Prost era Niki Lauda, que havia voltado para a Formula 1 justamente no início da fase de ouro do time.
A força da McLaren em 1984 deixava óbvio que haveria pouco espaço para os demais times. Mas o que marcaria o ano seria o GP de Monaco. Não tanto pela fantástica exibição de Ayrton Senna, mas porque Prost tomou uma decisão pela qual deve estar arrependido até hoje: Quando estava prestes a ser ultrapassado por Senna, ele pediu para que a prova fosse interrompida por causa da chuva, antes de completar 50% da prova. Resultado: os pontos foram divididos pela metade, e como a vitória valia 9 pontos, Prost levou 4,5. E foi justamente por esse meio ponto que mais uma vez o francês ficou com o vice...
Em 1985 Lauda se aposentaria ao final da temporada, e Prost não teve dificuldades em ser campeão. Sempre racional e com o melhor equipamento, conquistou os pontos necessários para finalmente levar, merecidamente, o campeonato. 
O ano seguinte foi um dos mais disputados da história, com a Williams-Honda dominando o ano. Prost, esperto como sempre, manteve-se por perto para aproveitar enquanto Piquet e Mansell roubavam pontos um do outro. No último GP, Prost tinha as condições menos favoráveis entre os postulantes ao título, e foi conservador, ao contrário de Mansell e Piquet. Foi aí que Mansell teve um pneu estourado. A Williams, temendo que o mesmo acontecesse com Piquet, chamou-o aos Pits, deixando caminho livre para que Prost faturasse o caneco.
No ano de 1987 a McLaren Porsche não seria veloz o suficiente para fazer frente às Williams e nem mesmo à Lotus, todas com o forte motor Honda, o que deixou Prost apenas com o quarto posto. Ao final da temporada a McLaren contratava Ayrton Senna para ser companheiro de Prost. Ayrton levou consigo o motor Honda, e o que veio depois todo mundo conhece.

A dupla da McLaren realizou o ano mais perfeito que uma equipe já realizou na F1 moderna. A disputa ficou restrita aos carros da McLaren, sendo que um vencia e outro dava o troco. Quando um não estava em boa fase o outro aproveitava, e foi apenas no GP da Italia que a McLaren não levou nenhum de seus pilotos ao alto do pódio. Prost fez mais pontos, mas com uma vitória a mais e favorecido pelo descartes (na época os 5 piores resultados não contavam), Senna foi o campeão. E a temporada seguinte prometia.
Com o fim da era turbo, a Honda não tinha mais tanta força quanto nos anos anteriores, mas mesmo assim a McLaren estava forte. Foi quando Senna rompeu um acordo que havia feito com Prost de não ultrapassar antes da primeira curva, o que levou a amizade dos dois a um colapso. Senna era preferido pela equipe, e Prost por Jean-Marie Ballestre, presidente da FISA. A briga caiu para o lado político, tirando um pouco o brilho daquele espetacular campeonato. No Japão Prost jogou o carro para cima de Senna, que voltou, venceu e foi desclassificado. O francês, que já havia assinado com a Ferrari para 1990, foi campeão, sob protestos da McLaren. Uma maneira triste de terminar com uma parceria tão perfeita. Prost ainda foi campeão pela Williams em 1993, e acabou voltando como conselheiro para a McLaren antes de comprar a Ligier, em 1997. Passados todos estes anos, é impossível não se impressionar com o que Prost conquistou no time inglês, tendo companheiros fortes ao seu lado.  Durante sua fase na McLaren, o time conquistou 5 títulos em 6 temporadas! Somente a Ferrari teria uma fase tão boa alguns anos depois, com Michael Schumacher ao volante.


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