quarta-feira, 25 de abril de 2012
Desgosto
Em certos momentos é impossível ser parcial. Quando se é Ferrarista e a escuderia está em crise, por exemplo. Lembro-me de não ter ficado contente quando a Ferrari trocou Kimi por Fernando, mas achei que o nível técnico dos dois era meio parecido, sabe como é. Mas acho que não julguei bem a situação. Aliás, meu julgamento foi péssimo. No domingo eu percebi o quanto o marketing da Ferrari tira as vitórias do time e o empurra para um abismo cada vez mais profundo, motivado pela busca de grandes parcerias comerciais. Enquanto os chefes da Ferrari e da F1 tentam fazer com que o mundo engula que Fernando Alonso é o melhor de todos, ele tomou simplesmente uma surra de quem ele afastou do cockpit do time vermelho.
Raikkönen não está em um grande time. O nome Lotus apenas remete às lembranças de um time que um dia foi referência na F1, e que hoje é o resto de uma Renault que Alonso ajudou a destruir. E a segunda posição de Kimi não foi comemorada por ele não só pelo seu estilo gelado, mas porque ele acredita que poderia ter vencido se não fosse por erros de estratégia. E não foi um pódio conquistado devido à alterações climáticas, como a pífia vitória de Fernando na Malásia, onde quase perdeu para Sérgio Pérez, não senhor. Foi um pódio conquistado com belíssimas ultrapassagens e velocidade pura. Kimi não teve que reclamar para comissários para que pudesse ganhar posições, a Lotus não pediu que Grosjean abrisse caminho e Kimi não se beneficiou por paradas. E ainda foi o suficiente para que o vencedor Vettel ficasse relegado a segundo plano.
O estilo de Kimi não combinava com a aristocracia de Maranello. Desligar o telefone na cara de Schumacher ou se esquivar dos abraços de Jean Todt não atraíam patrocinadores. Suas vitórias parecem não ter trazido tantos resultados financeiros quanto a falácia de Choronso e a F1 tentando convencer o público de que o espanhol é o melhor de sua geração. Enquanto Kimi abria caminho, Fernando estava preso atrás de Nico Rosberg, esbravejando aos comissários que punissem o alemão por suas fechadas de porta. Talvez ele tenha pedido que alguém passasse um rádio ao alemão informando que ele estava mais rápido, mas ele se esqueceu que isso só vale para seus companheiros de equipe, os quais ele exige que recebam um tratamento extremamente inferior. Percebe-se inclusive por Grosjean, que quase afundou sua carreira ao lado de Fernando e agora divide o pódio com Kimi.
Fico pensando até quando Fernando ficará na Ferrari. Ele já não é nenhum jovenzinho, a maioria dos times já não manifesta desejo por ele e ele mostra uma incompetência cada vez maior em reerguer a Ferrari. soma-se a isso o fato de ninguém ser besta de querer dividir o cockpit com ele, já que ele faz questão de vencer seus companheiros fora da pista, porque no fundo sabe que dentro dela seu talento não é grande como muitos fazem parecer.
Enquanto isso, resta a nós, ferraristas, admirarmos a pilotagem e o estilo fantástico de alguém que foi dispensado pela ferrari (sim, em letra minúscula) em troca de acordos comerciais. Ou quem sabe, o time também tenha sido enganado achando que Fernando era a melhor opção. Mas para quem realmente gosta de F1 mais do que da ferrari (em letra minúscula), restam dois consolos: O time negro e dourado está de volta. E com um homem de gelo ao volante. E pelo raro sorriso em seu rosto, é mais do que claro que ele realmente está de volta.
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