Falando de Corrida

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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Balanço final


Bom, como todos sabemos, acabou mais uma temporada da Formula 1. A temporada das asas móveis, do KERS (cuja única utilidade é tirar a desvantagem que o seu próprio peso causa), das excessivas punições, das regras sobre difusores que mudaram no meio da temporada e, por fim, mais uma vez uma temporada sem os atrativos de outrora. Claro que a genialidade de Vettel contou (e muito) para deixar a Formula 1 ainda mais desigual, mas a artficialidade da categoria tem afastado público e, consequentemente, GP’s.
Titio Bernie não tem prestado muita atenção na crise, está cobrando uma nota para que corridas sejam realizadas e exigindo contratos a longo prazo, o que não grada nenhum organizador diante do cenário econômico atual. Se você parar para pensar, é como estabelecer um contrato de alguns anos com um funcionário novo sem que haja período de experiência, ou seja, todo mundo sabe que não dá.
A Formula 1 está cara demais pelas corridas que oferece, e nem mesmo tem seguido a proposta inicial do automobilismo, que era servir para desenvolvimento técnico dos carros de rua. Nenhum combustível menos poluente ou componentes mais baratos, e o KERS ainda é apenas uma tentativa de desenvolver uma tecnologia que até agora não trouxe muitos benefícios.
Mas algo que me chamou a tenção neste ano foi o exagero das punições. Tudo bem, os pilotos não devem se comportar como homicidas ou suicidas, isso é fato. Agora, a impressão que os comissários têm dado é de que às vezes punem os pilotos apenas para mostrarem que estão acordados, pois se revermos algumas manobras que resultaram em punição, vamos, no mínimo, ficar em dúvida. Toques de corrida e falta de espaço na pista viraram motivo de investigação, o que faz com que os pilotos sejam cada vez menos combativos, e não é para menos. No automobilismo, ganha quem frear por último, risco faz parte do esporte e piloto tem que ser arrojado. É simples assim, só a FIA não percebeu.
Neste ano um GP foi cancelado às vésperas da realização, no ano que vem dois irão deixar o calendário, e dos USA está ameaçado antes mesmo de entrar no calendário. A grana mundial está curta, ninguém está muito disposto a pagar por pouco espetáculo (com razão). A FOTA está indo para o espaço (Ferrari e Red Bull já se mandaram), a FIA não quer dar pitaco para que Bernie não faça uma espécie de Indy Car (separar a Formula 1 da FIA com já ameaçou há 3 anos) e quem paga o pato é o público e os pilotos.
Com tão pouco em uma temporada que gerou tanta expectativa, é hora de a F1 olhar para a Indy, que resolveu revolucionar de vez (retrocedendo um pouco tecnologicamente, é verdade, com a volta do turbo) a pedido do próprio público na esperança de recuperá-lo dentro e fora das pistas, o que parece que vai dar certo. E se der certo, a Formula 1 que abra o olho, porque a Indy já estabeleceu a prova no Brasil e vai à China do ano que vem. Quem já trabalhou nas etapas brasileiras das duas categorias, sabe qual dá mais show. E o que se quer é ver carros disputando, não boxes cheios de superstars da música e do cinema.
O único ponto realmente positivo da F1 atual tem um nome e um número: Sebastian Vettel, #1. Com um carisma do tamanho de sua genialidade, o alemão tem trazido de volta a essência do automobilismo. Tem inspirado jovens pilotos e atraído fãs. Um alento em uma Formula 1 que muda as regras a cada ano para ver se algo muda.

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