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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Para acabar com a discussão



Basta surgir um novo destruidor de recordes para que se levante a já defasada pergunta: “Qual o melhor de todos os tempos?”. Ao mesmo tempo, surgem fãs apontando este ou aquele, dizendo “Senna foi o melhor que já existiu”, ou “Schumacher não será superado”, “Jim Clark foi o mais genial” e por aí afora. Bom, estive assistindo corridas antigas (década de 80), corridas muito antigas (década de 50) e corridas pré-históricas (década de 30), o que me fez chegar a uma conclusão: Jamais deve-se fazer comparações entre pilotos de épocas diferentes. Analisando alguns vídeos, chega-se a achar estúpido que volta e meia os “especializados” levantem essa discussão. Com o passar dos anos, tudo mudou no automobilismo, até a idade dos pilotos. Alguém com a idade de Vettel, por exemplo, jamais correria nas décadas de 40 ou 50, contra pilotos como Fangio ou Ascari. Isso não significa que seja pior ou melhor do que qualquer um deles. Em uma época onde sobreviver ao automobilismo já era uma vitória e o mais seguro era ser lançado para fora do carro para não morrer queimado, talvez sua estrutura física não lhe permitisse pilotar com a mesma precisão de hoje em dia em circuitos como Nordschleife. Por outro lado, Fangio e Ascari já estariam com idade muito avançada para a Fórmula 1 atual, onde se exige mais condicionamento físico do que força.
Vindo para uma época mais atual, como a década de 80, percebe-se a fragilidade dos carros. A extrema potência gerada pelos turbos fazia com que os carros quebrassem facilmente, e terminar 4 corridas seguidas era um feito enorme, o que hoje em dia é essencial para se manter na briga. Isso sem falar nos circuitos, com muito menos segurança e nenhuma diferença para o asfalto das ruas e estradas de qualquer cidade.
Neste ponto, a Indy acaba sendo muito mais automobilismo do que a Fórmula 1, embora seja também mais arriscada, como provou Dan Wheldon no último GP do ano. Aliás, até mesmo os circuitos mistos (como Sonoma e Portland) seriam impensáveis para um GP de Formula 1, que jamais aceitaria esse tipo de pista, como também as retas do Anhembi, que muitos pilotos consideram a melhor pista de rua da Indy.
A única coisa que pode ser comparada é o nível de profissionalismo de cada época. Do amadorismo dos primórdios até o altíssimo padrão até da alimentação dos pilotos de hoje, um verdadeiro abismo separa os pilotos, o que acabou deixando-os menos arrojados do que no passado. As regras não-me-toque têm transformado o automobilismo em algo pouco emocionante e excessivamente burocrático (o que impede, por exemplo, brigas como a histórica Gilles X Arnoux), sem falar do excesso de botões que um piloto tem que manipular. O que me dá cada dia mais uma certeza: Se trocassem todos esses botões por um pedal de embreagem e uma alavanca de câmbio, muita coisa seria diferente, e para melhor. Mas, já que isso não volta, vamos ter que aturar as perguntas dos grandes gênios do jornalismo, e, como diz aquele disco dos Titãs, teremos por muito tempo o melhor piloto de todos os tempos da última semana.


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