Poucos podem se orgulhar de driblarem a morte mais de uma vez. Se levarmos em conta então que isso ocorreu na Tamburello e na curva 4 de Indianapolis, nem se fala. Nelson Piquet pode se considerar um sobrevivente, afinal a Tamburello vitimou Ayrton Senna, a curva 4, incontáveis pilotos. A verdade é que a carreira de Piquet poderia ter sido muito mais genial se não fosse a Tamburello, justamente quando estava em sua melhor forma. Mesmo assim usou a cabeça para tirar o título de Mansell, que também sofreu um acidente que o tirou da briga pelo título.
Piquet nunca foi um piloto fraco. De 1980 a 1987 não passou uma temporada sequer sem vencer pelo menos um GP. Foi cria da extinta Brabham, onde a parceria com Gordon Murray foi daquelas de marcar época. Foram 2 mundiais, o que não era fácil naquela época. Tudo era muito mais disputado, os carros não costumavam durar muito e os adversários não davam mole como hoje em dia. Não se pensava muito antes de tentar uma ultrapassagem, quem estava lento fechava a porta de verdade e ninguém ficava com frescura na sala da direção de prova, o que aliás só começou com Senna X Prost...
Os adversários de Piquet foram épicos e mais pareciam personagens de briga de bar: Alan Jones, Keke Rosberg, Nigel Mansell, René Arnoux, isso sem contar caras como Gilles Villeneuve e Niki Lauda. E ainda vieram Ayrton Senna e Alain Prost. E quer saber? Piquet foi capaz de vencer todos de maneira espetacular.
Depois daquele 1º de Maio Nelson nunca mais foi o mesmo. Perdeu um pouco a noção de distância, acabou ficando alguns décimos mais lento e teve noites e noites de insônia. Levou aquele campeonato e foi para o lugar de Senna na decadente Lotus. Foram duas temporadas magras, sem vitórias ou grandes resultados, apenas alguns pódios. Em 1990 foi para a Benetton, onde voltou a vencer no final da temporada e finalizou o campeonato em terceiro, em boas disputas com o eterno rival Nigel Mansell.
No ano seguinte a Formula 1 começaria a se tornar mais tecnológica, o computador se sobrepondo ao talento. Ayrton Senna ainda conseguiu vencer, mas a partir dali ficava claro que as equipes médias não teriam vida fácil. Piquet venceu no Canadá em mais um azar histórico de Nigel Mansell, sem combustível na última volta (há versões de que estava lento demais e deixou o motor morrer). Nelson viu o companheiro (e amigo) Roberto Moreno ser dispensado para a chegada de um determinado alemão, e ao final da temporada se aposentou da F1, mas com vontade de ir à Indianapolis, disputar a Indy 500 do ano seguinte. (continua)
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