Dentre todos os problemas que um piloto de Formula 1 pode enfrentar, Bruno Senna tem dois enormes: Primeiro, ele é Senna. Segundo, é brasileiro. Ser o primeiro, aliás, não seria um problema tão grande não fosse pelo segundo. Vide Nelsinho Piquet. Bastou ir para os USA, longe da torcida canarinho, e a carreira está deslanchando. Por lá, o público respeita as dinastias. Andretti, Unser, Villeneuve, Fittipaldi... Os americanos respeitam famílias que mantêm a tradição, basta usarmos Christian Fittipaldi como exemplo. Por lá, Christian é muito respeitado e possui muitos fãs, por aqui nem se toma conhecimento quando corre na Stock. Mas isso é próprio da torcida brasileira, em qualquer esporte. Quem fala por exemplo em Acelino Popó Freitas ou Guga Kuerten? Foram heróis enquanto estavam em atividade, hoje são apenas uma vaga lembrança (apesar de carreiras vitoriosas). Cesar Cielo está no mesmo caminho: Uma derrota da seleção brasileira vale uma reportagem muito maior do que 5 medalhas que ele conquiste em único dia. Mas quando começar a perder, aí vai ser cobrado. Nesse ponto, Ayrton Senna teve extrema sorte, não viveu para sofrer injustiças. Sua morte trágica ao vivo ainda é explorada por ter gerado tamanha comoção popular. É de tragédias que brasileiro gosta, não de vitórias.
Bruno está mostrando talento, ao contrário do que a imprensa daqui diz. Não está chamando atenção por ter um sobrenome famoso, e sim porque está conseguindo resultados, no mínimo, iguais aos de Nick Heidfeld. Se considerarmos que o alemão estava na Fórmula1 desde 2000, isso significa bastante. E em Monza não é tão fácil acelerar como os repórteres especializados gostam de dizer. Tem que saber equilibrar velocidade com precisão nas fortes freadas, como percebemos em um certo alemão da Mercedes, no último GP, e Bruno soube fazê-lo durante o final de semana inteiro, além de escapar muito bem da confusão causada por Liuzzi na largada. Mostrou também um estilo mais para Alain Prost do que para seu tio, afinal fez uma corrida muitíssimo calculada, arriscando nos momentos certos. Tem se demonstrado um bom líder dentro da equipe, e sua personalidade cativante estimula todos dentro do time.
As qualidades de Bruno podem muito bem transformá-lo em um piloto vencedor. Não que será fácil, como nunca nada foi fácil em sua carreira. Mas até agora não desistiu, aproveitou as oportunidades e galgou seu espaço. Torço por Bruno. Não porque ele é Senna, muito menos por ele ser brasileiro. Torço porque é batalhador, não se deixa abater e tem o estilo eficiente que tem destacado muita gente atualmente. Espero que tenha vindo para ficar, e que os grandes times o vejam como uma (boa) opção nos próximos anos. E que, ao contrário do tio, desconsidere o fato de ser brasileiro. Afinal, a torcida irá considerá-lo quando vencer, e quando parar, facilmente será esquecido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário