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terça-feira, 7 de outubro de 2014

Irresponsabilidade crônica


Todos sabiam que as condições de corrida para o GP de Suzuka não seriam as ideais. Havia até mesmo previsão de um tufão para o dia da corrida. Cogitou-se o adiamento ou adiantamento da corrida para sábado. Mas FIA, FOM e outros "F's"  se opuseram, como fazem com tudo o que diz respeito a bom senso e segurança. Imagine o prejuízo que isso poderia acarretar? Mudar o horário da corrida, para os europeus terem que acordar mais cedo? Jamais! Deixa largar às 15 horas, em condições péssimas e ver no que dá. E deu no que deu. Um trator em uma área de aquaplanagem (procedimento que a FIA adotou há mais de 10 anos), visibilidade zero e Jules Bianchi em uma situação que tem tudo para ser irreversível.
A irresponsabilidade da FIA nos remete há 20 anos, quando resolveu manter o GP de San Marino mesmo depois do acidente de Rubens Barrichello na sexta, e se manteve impassível após a morte de Roland Ratzemberger. No domingo a situação estava ainda mais desfavorável.Felipe Massa gritou pelo rádio para que a prova fosse interrompida. Poucas voltas depois, o carro de Bianchi estava debaixo de um trator, em um momento onde o Safety Car seria mais do que necessário. Aí sim, veio a bandeira vermelha. Primeiro a tragédia, depois a intervenção. Exatamente nessa ordem.
A FIA exige uma segurança absurda (e imprescindível) nos carros, faz cidades reconstruírem seus autódromos em nome da modernidade e colocam um trator na pista sem acionarem nenhuma medida mais cautelosa em um GP que tinha tudo para ser acidentado. Seguindo a lógica, é mais seguro um trator em uma área de escape do que outro carro lá parado. No mínimo, uma falta de bom senso.
Segundo as notícias recentes, a situação de Bianchi tem grande percentual de chances de se tornar irreversível, ainda que ele sobreviva. Na melhor das hipóteses, sua carreira está encerrada após mais esse ato irresponsável de FIA e FOM. Sem esquecer também de que Maria de Villota morreu em decorrência de um acidente semelhante (embora a FIA negue o fato, a família confirmou que sua morte foi em decorrência dos ferimentos sofridos no acidente).
O que nos consola, nisso tudo, é que a FIA adotou uma postura politicamente correta. Propagandas de cigarro são proibidas, ao contrário de bebidas alcoólicas (já que essas não causam acidentes de trânsito), os carros estão mais verdes e os custos estão reduzidos. Bianchi provavelmente fará parte de um grupo onde se englobam nomes como Martin Donnelly, que aparecem depois de anos com suas sequelas, quando todos já tiverem esquecido do ocorrido. E assim, a Formula 1 segue seu rumo natural, sem nenhuma intervenção do Safety Car.

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