Falando de Corrida

Novidades, lembranças e curiosidades do nosso esporte a motor

Powered By Blogger

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Mais do que palavras


Não existe maior temor para um piloto de Formula 1 do que a vida pós Ferrari. A equipe tem o dom de estraçalhar seus ex pilotos. Exagero? Bem, quem se lembra da carreira de Michele Alboreto (que disputou o mundial de 1985) ou do promissor Ivan Capelli (dali para a Jordan e da Jordan para o final da carreira)? Ou Clay Regazzoni, que depois de sair de lá nunca mais arrumou um carro competitivo? Isso porque têm-se a impressão de que se o piloto saiu da Ferrari, então não existe outro lugar para que possa ir. Poucos saíram de lá e conseguiram manter-se no topo. Aliás, até hoje, só me lembro de Niki Lauda e Alain Prost, que saíram de Maranello e ainda assim conseguiram ser campeões. Mas voltar para lá? Jamais! Se não serviu uma vez, por que seria chamado de volta?
Não sei, tente perguntar a Kimi Raikkönen. Porque eu acredito que ninguém imaginaria que depois de 2009 ele sequer conseguiria um lugar na Formula 1 novamente. Sem se importar com a demissão antecipada, Kimi foi correr de rallye, experimentou a NASCAR e foi viver à sua maneira. E quando foi contratado pela Lotus, muitos pensaram que ali seria finalmente selada sua participação na Formula 1. Como alguém, ex piloto da Ferrari, em uma equipe média teria chance de se dar bem depois de 2 anos longe da categoria? Michael Schumacher, o multicampeão não foi capaz, por que Kimi seria?
Talvez por seu equilíbrio psicológico aliado à sua capacidade. Ou seja, porque ele é Kimi Raikkönen. Ao voltar para a Formula 1 em um carro que não era dos mais competitivos e sendo constantemente mais rápido do que Alonso, Kimi simplesmente desmoralizou a Ferrari. Fez o time de besta, mostrou que não precisava estar lá para vencer e, pior: mostrou que a equipe não colocou em seu lugar um piloto à altura. Derrotou “o melhor de sua geração” sem cerimônia, ignorou entrevistas, mandou seu engenheiro o deixar em paz (afinal ele sabia o que estava fazendo) e obrigou Luca di Montezemolo a engolir suas decisões a ponto de colocar dois galos no mesmo galinheiro.
O fato é que Raikkönen é daqueles que marcam sua geração não só pelo talento, mas também por sua personalidade. É como Nelson Piquet ou James Hunt, está lá para acelerar e nada além disso. O faz muito bem, a ponto de ninguém entender como ele consegue. É agressivo sem causar acidentes, não se envolve em situações perigosas e arranca o máximo de seu equipamento. Kimi não é um piloto geração coxinha como tantos outros que estão lá. Experimentou o risco dos rallyes e a brutalidade da NASCAR. É um “Pure race driver”, coisa que não se vê hoje em dia. Só de voltar para a Ferrari já fez história, e parece que ainda tem muito mais a fazer. Enfim, seu silêncio vale mais que mil palavras.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Quem manda?

Certa vez Ayrton Senna disse que muitas vezes o excesso de autoconfiança pode jogar contra você. Talvez tenha sido o que aconteceu com Fernando Alonso nessas 4 temporadas pela Ferrari. O espanhol chegou como promessa de construir forte, seguindo o exemplo do que Michael Schumacher havia feito na década anterior. Tomou o lugar do último campeão do time, ninguém menos do que Kimi Raikkönen e exigiu exclusividade no tratamento da equipe. Em troca, não foi capaz de desenvolver o carro, desestruturou seu companheiro de equipe e falou poucas e boas do time. Até que a paciência acabou.
Luca di Montezemolo sempre deixou claro que o trabalho deve girar em torno do time, e não de um único piloto. Fernando pode até ter se sobressaído na Renault, mas em Maranello o negócio é diferente. Como disse Nelson Piquet certa vez, em sua época, quando Gilles Villeneuve vencia, a manchete era “FERRARI VENCE com Villeneuve” e quando ele vencia, “PIQUET VENCE com a Brabham”. Os anos se passaram, mas ainda tem que ser assim se você corre em Maranello.
Durante 4 temporadas Alonso mandou e desmandou no time, até que Hungaroring foi a gota d’água. 

Tomou puxão de orelha público depois de criticar a equipe e se colocar como responsável único pelos bons resultados (o que não deixa de ser uma verdade parcial, mas não total, uma vez que não tem talento para desenvolver um carro). Teve que engolir uma placa na linha de chegada em Spa cujo único objetivo era mostrá-lo o quanto ele foi mais lento do que Vettel, e por fim, não teve como segurar Felipe Massa na equipe da maneira que gostaria. Pior: Terá como rival o último campeão de Maranello, Kimi Raikkönen.
Kimi, aliás, consolida sua volta por cima com este novo contrato. Depois de ter sido demitido, voltou depois de duas temporadas em um time que não é o ideal, venceu corridas e ainda fez Montezemolo baixar o topete e chamá-lo de volta, justamente a fim de pressionar aquele que nunca teve como preferência um companheiro como Kimi. E ao que parece, agora os dois vão ter que se virar se quiserem vencer corridas, como foi na época em que Kimi dividiu o cockpit com Massa. E afinal, deu certo na época.
Com a decisão da contratação de Kimi, a Ferrari parece ter finalmente entrado no século 21. A história de ter somente um galo no galinheiro não vem funcionando, e de 2007 para cá a equipe amargou derrotas para McLaren, Brawn e Red Bull. Alonso chorou e esperneou, reclamou do carro, dos colegas de trabalho e até das regras. Agora chegou a hora do vamos ver. Enfrentará um dos pilotos com maior força psicológica do grid, que se cala na hora das entrevistas, cochila na cadeira e deixa para mostrar serviço na pista. É será somente uma das atrações para a esperada temporada de 2014. Porque a de 2013, já está decidida.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Fim da linha


E como já era esperado, Felipe Massa anunciou nessa tarde que não terá seu contrato renovado para a próxima temporada. Muito triste para alguém que passou 8 temporadas em Maranello (só perdeu em número de corridas pelo time Rosso para Michael Schumacher) e onde viveu sua melhor fase na categoria (quando disputou os títulos de 2007 e 2008). Mas desde seus 2 episódios mais traumáticos (o da mola em 2009 e, principalmente, a frase “Fernando is faster than you”, na Alemanha em 2010), Felipe nunca mais foi capaz de competir como antes. Foram uns poucos pódios, vários incidentes na pista e muita pressão por parte da imprensa, o que desestabiliza qualquer piloto, além do fato de ter como companheiro de equipe um piloto como Alonso (que mais por causa de seus patrocinadores do que pelo seu talento, atrai todo o trabalho da equipe para si). Aliás, talvez somente a pressão de Fernando tenha mantido Massa na Ferrari. Mas desde a Hungria, o clima não está mais favorável com o espanhol como antigamente, o que me faz acreditar que alguém realmente competitivo ocupe o lugar de Felipe no próximo ano.
A história de Felipe na Ferrari foi das mais bonitas. Passou a ganhar o apoio da equipe antes mesmo de estar na Formula 1, foi colocado na Sauber graças ao fornecimento de motores por parte da fábrica italiana e assumiu o lugar de Rubens Barrichello quando este resolveu de uma vez por todas declarar guerra à Schumacher. Aliás, há quem diga que o fato de Massa ser mais rápido do que Schummy levou o alemão a abandonar o time. Felipe ainda viveu uma fase gloriosa ao lado de Kimi Raikkönen, e a dupla deu 2 títulos de construtores ao time italiano. Mas como na Formula 1 você tem que ser rápido sempre, o brasileiro viu seu tempo passar.
Resta agora buscar uma vaga para o ano que vem, o que já pode ser considerado fora de cogitação em algum time de ponta, como ele diz procurar. A vaga mais atraente talvez seja na Lotus, caso Kimi Raikkönen realmente vá para a Ferrari como se especula. Mesmo assim, o time não é tão competitivo quanto parece, a maior parte de seus resultados vem mais do talento de Raikkönen do que do projeto propriamente dito.
Com a saída de Massa, por enquanto o Brasil não tem nenhum representante na Formula 1 depois de 43 anos. Resultado de uma política burra, gananciosa e inconsequente que vem sendo imposta no esporte brasileiro (não somente no automobilismo, mas no esporte em geral). Isso é um grande motivo de preocupação, já que, erroneamente, a Formula 1 é a vitrine do nosso esporte a motor. Talvez esteja na hora (ou já tenha passado dela) de começarmos a olhar como fazem nossos hermanos argentinos.

sábado, 7 de setembro de 2013

Gastão Fráguas campeão, lembra?


Meu amigo Jean Paneque, grande kartista nos anos 80 que dividiu curvas com gente como Rubens Barrichello e Tony Kanaan, compartilhou comigo nesta semana um momento do qual eu não me lembrava: O Campeonato Mundial de Kart conquistado por Gastão Fráguas em 1995, em cima de ninguém menos do que Jenson Button. O vídeo é espetacular, mostra a habilidade dos dois dividindo curvas e trocando de posições seguidamente, até que faltando menos de duas voltas Gastão leva a melhor em uma manobra memorável e consolida o título. Muito legal para relembrar!