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segunda-feira, 3 de junho de 2013

Isso é o automobilismo no Brasil


Ontem ficou mais do que clara a posição de federações, administrações municipais/estaduais e, acima de todos, Confederação Brasileira de Automobilismo, a respeito do automobilismo nacional, esse esporte de importância secundária que tem tido como principal fim a engorda das contas dos cartolas brasileiros. O vergonhoso estado de conservação de um autódromo que se localiza nada mais nada menos do que no Distrito Federal é mais um fiel retrato de como o automobilismo está sendo tratado no Brasil, onde esportes considerados “da elite” não servem para fazer propaganda populista.
O Autódromo Internacional Nelson Piquet, que na época de inauguração era um dos mais modernos do Brasil (senão o mais), sediou um GP de Formula 1 extra oficial em 1974 (vencido por Emerson Fittipaldi) e como toda boa obra nacional, foi se degradando com certa rapidez. Más administrações transformaram-no rapidamente em uma pista perigosa e visivelmente mal cuidada. No lugar de evoluir com o tempo, aquele que poderia ter sido nosso melhor autódromo foi chegando ao ponto que vimos ontem, com zebras mal feitas e grelhas metálicas se soltando, atrasando todas as atividades desde o sábado, em um fim de semana que marcaria a estreia de uma nova categoria, o Brasileiro de Turismo (Que chega para substituir a extinta Copa Montana, que substituiu a extinta Copa Vicar, que substituiu a extinta Stock Light).
O curioso é que foi investido cerca de 1,5 bilhão em um estádio vizinho ao autódromo, que após um mês de Copa do Mundo, nosso maior evento nos próximos mil anos (pelo menos é o que imprensa e governo fazem parecer) sediará apenas jogos da terceira divisão, já que o futebol não é lá muito forte no Distrito Federal. Provavelmente também será uma obra bilionária que será abandonada após um importante evento internacional, como as instalações do Pan Americano sofreram no RJ, que aliás, destruiu um autódromo para esse fim e selou seu destino com a chegada das Olimpíadas de 2016.
Quanto ao Autódromo de Brasília, é melhor que as reformas fiquem desse jeito, afinal a segurança dos pilotos não é importante. Playboyzinho que se arrisca a mais de 200 por hora o faz por quer, tem que correr o risco, não é verdade? E depois, é melhor criar uma chicane ridícula como fizeram com o café em Interlagos (mais para se dizer que algo foi feito do que para evitar acidentes de fato, já que há ao menos um acidente para cada evento após sua construção) do que terem que reformar um local de eventos cuja maior exposição serão alguns flashes de transmissão da RGTV em um horário ridículo não mais do que uma vez por ano, não é verdade? Mesmo porque a Stock tem exposição somente por ter filho de narrador no grid, e as categorias transmitidas pelas outras emissoras não têm, para os dirigentes, a mesma importância, afinal não são a maior rede de TV do Brasil. E se algumas não fazem questão nem mesmo de transmitir momentos importantes, como a comemoração de um brasileiro que acabou de vencer as 500 milhas de Indianapolis, o que dirá então da importância que dão à corridas nacionais? Quem se arrisca a patrocinar automobilismo com transmissões assim? Vamos mandar dinheiro para os novos estádios, que aliás já são inaugurados caindo aos pedaços!
O Brasil precisa aprender que esporte não é só futebol. O público já aprendeu faz tempo. Aliás, também já deixou de lado o “pachequismo” e aprendeu a curtir os esportes somente pelo show que proporcionam, e não para torcerem por brasileiros. Mesmo porque da maneira como o esporte em geral é tratado no Brasil, dentro de poucos anos não teremos representantes decentes em nenhum esporte. Nem mesmo no futebol. Se é que ainda temos...

3 comentários:

  1. Este texto deveria ser lido por todas as pessoas do Brasil. Mas tudo nesta pocilga é futebol. Em todo lugar que eu vejo um espaço dedicado ao esporte, eu vejo 90% futebol e 10% outras coisas. Mas acho que é assim porque dá audiência. Se eu quero ver corrida, eu tenho que ver reprises, YouTube, ou versões resumidas na TV.

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    1. Pois é Zóio, mas sabe o que é pior? Na TV aberta vc é obrigado a aguentar o que passam, mas na TV paga não se tem mais a opção de um canal que transmita as corridas de forma séria. O que foi feito com o Speed foi uma sacanagem monumental, pois muita gente bassinou pacote mais caro justamente para ter o Speed, e hoje tem que assistir corrida em VT, depois do Futebol.

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