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domingo, 4 de novembro de 2012

"Eu sei o que estou fazendo"



São necessárias condições adversas para mostrar ao mundo quem são os grandes pilotos. Ayrton Senna, por exemplo, venceu muitos GP’s de ponta a ponta com o melhor carro nas mãos. Mas foram corridas como Interlagos em 91 e Donington em 93 que mostraram ao mundo do que ele realmente era capaz. E foi assim que Sebastian Vettel mostrou ao mundo que não é campeão somente por ter o melhor carro. Todo o azar possível esteve ao seu lado neste final de semana. Uma punição o jogou para o final do grid, largou dos boxes e teve dois incidentes logo no início. Parou para trocar o bico e caiu para o fim do grid de novo. Passou por Romain Grosjean e devolveu a posição por risco de ser punido por usar a faixa de fora da pista. Passou Romain e foi para cima, até que todos tiveram que parar e ele acabou assumindo a segunda posição. Parou de novo, caiu para quarto e passou Jenson Button em uma manobra espetacular no final da corrida.
Na frente, um não menos espetacular Kimi Raikkönen. Largou espetacular, não cometeu um erro sequer e acabou presenteado com a quebra de Hamilton na volta 19. A partir daí, a corrida foi dele. E nem o Safety Car, quando tinha 9 segundos de diferença para o segundo colocado lhe atrapalhou. E quando recebia instruções da equipe, pedia para ficar em paz porque sabia o que fazer. Beleza, se ele falou, é porque é, e ponto final. E foi o que mostrou ao falastrão do grid, que coloca a culpa em tudo e todos a cada derrota, se colocando acima de qualquer criatura dentro do circo da Formula 1. E hoje ele não perdeu para Adrian Newey. E contou com a ajuda de Jenson Button para não perder a segunda posição. Do contrário, Vettel levaria fácil.
O GP foi muito movimentado, embora ninguém esperasse por isso em Yas Marina. Em partes, o responsável foi Sebastian Vettel (ou seria Adrian Newey?) com suas ultrapassagens espetaculares. Teve mais uma besteira de Narahim Khartikeyan, que tentou o suicídio e esqueceu que vem gente atrás. Uma hora ele ainda consegue se machucar ou machucar alguém. Assim como Romain Grosjeain, que não consegue ficar uma corrida sem fazer das suas. E tanta gente boa brigando por vagas na Formula 1...
Só não consegui entender uma coisa: Por que tanto aclamaram a corrida de Alonso. Aliás, por que aclamam tanto o espanhol. Está claro que não é o melhor. É bom, mas não o melhor. Foi humilhado por Raikkönen no final, passou na prática somente Webber (cada vez mais lento), Button e Maldonado. Não fez menos do que se esperava de alguém tão “genial”, que conta com a maior estrutura da F1 e até agora não fez nada além de esperar por quebras. Ok, talvez Kimi tivesse sido segundo hoje. Mas conta com uma Lotus que é o resto daquela Renault que Alonso deixou em 2009. Reflitam.
Aliás, outra coisa que deixou o GP ainda mais especial foi ver o carro negro e dourado vencendo de novo. Há 26 anos não víamos esta cena (a última vitória da Lotus foi em 87, mas nas cores da Camel). Kimi se colocou ao lado de Emerson Fittipaldi, Mario Andretti, Ayrton Senna e outros grandes nomes que honraram essas cores. Com poucas palavras e muita ação, Kimi mostrou mais uma vez o piloto que é. E ao vê-lo conversando com Vettel ao final da corrida, percebi que lá estão dois grandes esportistas, os melhores pilotos da F1 atual. Os dois que além de tudo, fazem Fernando Alonso se obrigar a ficar calado.

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