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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Sem limites



Eu poderia perder um bom tempo falando das besteiras cometidas por Romain Grosjean e Pastor Maldonado, prever como será o campeonato ou quem pode ficar com a vaga de quem em 2013. Mas ontem me deparei com uma notícia que me chamou a atenção como nenhuma outra em muito tempo. Sobre uma história que começa pelo fim, ou que o poderia ter sido, há 11 anos em uma corrida da CART em Lausitiz, no dia 15/09/2001. 

Faltando 13 voltas para o final, o carro de Alessandro Zanardi foi atingido em cheio por Alex Tagliani. Depois de perder ¾ do sangue e ser reanimado várias vezes, os ferimentos nas pernas de Alessandro impedem que o milagre seja completo (teoricamente falando) e ele perde as duas pernas. Logo ele, que havia deixado a categoria 3 anos antes, quando nascia o primeiro filho, justamente pelo medo dos ovais! Mas retornara no início de 2001 após uma passagem malsucedida pela Williams na Formula 1, e agora isso.
Poderia ser o fim da carreira de Zanardi, bicampeão incontestável da Indy/CART. Ao receber a visita do abalado amigo Tony Kanaan, Zanardi lhe pediu um favor: “Coça o meu pé?”, seguido de uma gargalhada. Sim, ele não lamentou o ocorrido. Preferiu celebrar a vida. Considerou o fato de ter sobrevivido como um presente, e desde então passou a aproveitá-lo como poucos. Com o auxílio de próteses, sentou novamente no cockpit 2 anos depois na mesma pista de Lausitz e completou as voltas restantes, fazendo os presentes chorarem. Desceu do cockpit com  ar de quem havia vencido uma barreira intransponível.
Voltou a pilotar no WTCC e a praticar diversos esportes, sempre com seu sorriso no rosto e muitas, muitas palavras, como qualquer bom italiano. Sempre de bom humor, passou a praticar ciclismo de mão, e se apaixonou pelo esporte. De hobby, passou a levar o esporte tão a sério que abandonou o automobilismo para poder praticar com mais dedicação e prometeu que iria para a Paralimpíada de Londres buscar o ouro.
Lembro-me de uma vez, de Nuno Cobra dando entrevista sobre Ayrton Senna. Nuno falou que ele se destacaria em qualquer esporte, tamanha sua dedicação. Acho que Nuno não conheceu Alessandro como Ayrton, pois teria visto característica semelhante (eu diria que superior) em Alessandro. A garra demonstrada pelo italiano simplesmente derrubou qualquer limitação, física ou psicológica, elevando-o a um patamar jamais visto. E cumpriu a promessa: Conquistou o ouro na categoria H4 trial. Ele ainda disputará mais duas categorias. Não tenho dúvidas de que poderá vencer, pois se dedicará como sempre e agirá como se ainda não tivesse conquistado uma medalha. Provar algo para quem quer que seja ele não precisa. Nós é que estamos precisando de seu exemplo, em uma geração tão carente de heróis.
Alessandro negocia uma volta à Indy no próximo ano, já que pode retornar ao automobilismo depois de mais um desafio superado. E pelo jeito, ele mesmo estabelecerá novos desafios e metas para sua vida. Já disse que a partir de segunda-feira buscará um novo horizonte, na luta contra seu pior inimigo: o tédio. É a maneira que ele encontra para se motivar. Porque tem gente que mesmo com um corpo perfeito, prefere se lamentar e impor limites a si mesmo. Prefiro usar o exemplo de Alessandro. Porque este homem sim, sabe (e consegue) ultrapassar qualquer limite.

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