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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Deu zebra



Depois da São Paulo Indy 300, dava para afirmar que o campeonato da Indy 2012 já tinha um dono. Will Power venceu 3 de quatro provas, e a outra vitória ficou justamente com seu companheiro de equipe. Quem seguraria a Penske, que parecia ter se dado melhor do que qualquer outra com o conjunto Dallara DW12/Chevrolet. Aí veio Indianapolis, e eles não se deram tão bem assim, mas não dava para estabelecer um padrão pela corrida mais importante do campeonato, já que não havia outra pista com características semelhantes.
Então apareceu Ryan Hunter-Reay, da Andretti e surpreendeu com inesperadas vitórias no meio do campeonato. Mexeu no queijo de Power e de Roger Penske, embolou o certame e se meteu na disputa que parecia, no início da temporada, que ficaria entre Helio Castroneves e Will Power, com a balança pendendo levemente para o lado do australiano.
Ryan foi aproveitando conquistar pontos importantes, e sua constância permitiu que ficasse sempre entre os líderes na parte final do campeonato, em uma equipe que não era a mesma Andretti do passado, que colocava Dario Franchitti e Tony Kanaan sempre entre os primeiros. A equipe que decaiu bastante após apostar em Danica Patrick e em Marco Andretti, que embora bons pilotos, nunca foram bons em alcançar resultados convincentes.
E o campeonato incendiou mesmo foi na várzea de Baltimore, uma corrida que assim como o campeonato, parecia estar com a assinatura de Power no rodapé. E tudo vinha dando certo: pole position e liderança tranquila, em uma prova que teve maior parte do tempo em bandeira amarela. Perfeito para quem largava na frente, certo? Bom, aí entrou água. Literalmente. A leve chuva que caiu nas ruas de Baltimore fez a Penske adotar uma estratégia discutível: chamaram Power e colocaram pneus de chuva. Aí ela não se consolidou, obrigando o australiano a voltar e colocar pneus slick novamente. E com uma prova neutralizada pela bandeira amarela, nada pior do que ficar para trás. Reay aproveitou, foi para cima de Ryan Briscoe, companheiro de Power, e venceu a prova que daria o título antecipado ao australiano.
Todos sabiam que Fontana não seria fácil para Power, e com 14 pilotos punidos por troca de motor, ele e Reay forma lá para trás no grid. Confesso que não vi a prova, cansado depois de trabalhar na 6 horas de São Paulo, mas não esperava pelo final que a prova teve: Power se acidentou e Reay aproveitou a chance de ser o quarto colocado. E mais uma vez, para Power, sobrou o vice.
Para quem esperava um campeonato entediante e já escrito, a Indy foi surpreendente em 2012. Dario Franchitti e a Ganassi ficaram longe da disputa pelo título. A Penske morreu na praia e justamente por causa de seu ponto forte, que é a estratégia. Reay, que iniciou o campeonato sem mesmo ser cotado como favorito, mostrou talento e deu mais um título para a até então decadente Andretti. O resultado me lembrou o de 22 anos atrás, quando a Penske contratou o então campeão Emerson Fittipaldi para pilotar ao lado de Danny Sullivan e Rick Mears esperando dominar o campeonato, que acabou vencido por Al Unser Jr., da Galles. Como eu costumo dizer, Indy é sempre Indy, sempre surpreendente. E é por isso que amo essa categoria.

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