Hélio Castroneves é um cara de sorte. Bem, talvez essa não seja a melhor definição, afinal ele também foi muito inteligente ao escolher os caminhos para sua carreira. Faz parte de uma geração cheia de talentos (como Cristiano da Matta e Ricardo Zonta), mas não insistiu no sonho da Formula 1 como os dois companheiros de pista, e aí está sua “sorte”. Enquanto Zonta foi para a BAR ser companheiro de Jacques Villeneuve, Da Matta e Hélio seguiram para os USA, já que a CART abria suas portas e tentava se expandir.
Curiosamente, a carreira de Hélio acabou deslanchando após uma tragédia: A Penske já havia anunciado Greg Moore para integrar o time em 2000, quando na última corrida de 1999, em Fontana, o canadense sofreu um acidente fatal, fazendo a equipe contratar o brasileiro. Helio venceu sua primeira corrida naquele ano, quando o companheiro Gil de Ferran foi campeão. A partir de então, Helio passou a ser um constante favorito. Venceu a Indy 500 logo em sua estreia na corrida, e quando a Penske passou da CART para a IRL em 2002, não só venceu a Indy 500 novamente como também brigou pelo título. Enquanto isso, Da Matta era campeão na CART, categoria que abandonara em nome do sonho da Formula 1, para onde seguiu em 2003. Mostrando talento mas sem um bom carro, não chegou a completar duas temporadas, e sua boa fase nunca mais voltou, principalmente depois de um grave acidente sofrido em testes na Champ Car (ex-CART).
O fato é que Hélio só ficou uma temporada sem vencer uma corrida, no ano passado. Mas desde que foi para a Penske, é um constante favorito ao campeonato. Se considerarmos que isso ocorreu há 12 anos, nota-se porque ele é uma grande personalidade nos USA. Suas 3 Indy 500 têm um destaque muito maior do que todos os títulos de Sebastian Bourdais na CART, só para se ter uma ideia do tamanho da importância que a corrida representa. Nem mesmo problemas com a justiça no final de 2008 foram capazes de prejudicar o prestígio do brasileiro junto ao público norte-americano, que dá um tremendo valor ao Spider-Man, como ficou conhecido pela maneira pouco usual de subir no alambrado após suas vitórias.
Agora voltemos ao Brasil. Há 21 anos se espera por um título de um brasileiro na Formula 1, há 18 por um novo Ayrton Senna e há 12 anos cobra resultados de brasileiros na Ferrari. Nesses 12 anos, Hélio conquistou várias vitórias entre a Indy e a CART e disputou quase todos os campeonatos na condição de favorito desde então. Venceu inclusive a etapa de Edmonton no último domingo, feito que mereceu menos destaque do que os resultados ruins de Felipe Massa e Bruno Senna no GP da Alemanha. Hélio mais uma vez está na briga direta pelo título, mantendo-se entre os melhores por 12 anos. Mas claro que a maioria das pessoas sequer sabe quem é Hélio Castroneves.
Hélio realmente foi brilhante ao manter-se na Indy. Evitou desperdiçar energia e talento, está em constante boa fase na carreira e parece que nem passa pela cabeça de Roger Penske preteri-lo. Ainda tem muito para conquistar e parece estar disposto a isso. Por outro lado, acabou abrindo mão da exposição na mídia brasileira. Sim, porque se tivesse escolhido insistir em uma carreira na Formula 1, um mau resultado teria uma exposição midiática 10 vezes maior do que uma vitória na Indy. Tomara que ele tenha mídia especializada o mesmo comportamento que recebe dela, ou seja: nem se importe.
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