Algumas pessoas dizem que não é necessário que um piloto
seja campeão para ser considerado um grande piloto. Penso um pouco diferente.
Acho que quando se é um grande piloto, torna-se desnecessário Ser campeão. Mas
quantos ainda são lembrados sem que nunca tenham tido um título? Bem, aí
podemos citar um ou dois, mas certamente o nome que vem à cabeça é Joseph
Gilles Henry Villeneuve, ou simplesmente, Gilles Villeneuve. O canadense nunca
foi campeão, pilotava mais por prazer do que pela vontade de vencer, e as
vitórias acabavam sendo uma mera conseqüência.
Gilles dispensa apresentações ou uma biografia mais precisa.
Palavras sempre serão insuficientes para descrevermos sua genialidade e
talento. Andar somente com 3 rodas, com o bico do carro despedaçado e lhe
tirando totalmente a visão em uma pista molhada e ser o responsável pelo pega
mais sensacional da história da Formula 1 (mesmo que a disputa seja apenas pelo
segundo lugar) são momentos capazes de eternizar um piloto muito mais do que um
título mundial.
Infelizmente, há exatos 30 anos, Gilles entrou na pista pela
última vez, em Zolder. Faltando poucos minutos para o fnal do treino, ele
tentava superar o tempo de seu companheiro Didier Pironi, a quem havia acusado
de deslealdade no GP de Imola. Didier havia ignorado ordens da equipe e passou
Gilles nas voltas finais. O pega foi fantástico, mas culminou com a vitória do
francês e Gilles de cara amarrada no pódio.
Gilles já vinha de decepções no GP do Brasil (quando fora superado por
Nelson Piquet e seu Brabham fora do regulamento) e havia sido desclassificado
em Long Beach após ter conseguido um pódio. Gilles não queria se decepcionar de
novo em Zolder, e no treino de sexta tentava bater o tempo de Pironi quando o
carro de Jochen Mass apareceu lento no caminho. A Ferrari de Gilles decolou e
capotou por diversas vezes, partiu-se ao meio e lançou Gilles contra a cerca de
proteção. Gilles fraturou a coluna cervical e ainda foi levado com vida ao
hospital, mas infelizmente morreu após algumas horas.
Não dá para dizer que após Gilles houve um piloto igual. Nem
a precisão de Ayrton Senna ou a velocidade de Michael Schumacher foram
suficientes para que o canadense fosse esquecido. E, sinceramente, só alguém
muito bom é digno de um busto sem nunca ter vencido um campeonato. E não um
busto em qualquer lugar, mas na sede da Ferrari em Maranello. Mas é pouco. Pela
falta que ele faz, deveria ganhar uma estátua em cada autódromo ao redor do
mundo. Quem sabe isso inspiraria os pilotos a pilotarem com tanta paixão quanto
Gilles, que não reclamava do carro e não dependia que ele estivesse inteiro
para terminar as corridas. Salut Giilles.
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