Falando de Corrida

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quinta-feira, 1 de março de 2012

DeJavu


Se voltarmos pouco mais de 12 anos no tempo, vamos lembrar daquilo que para a imprensa brasileira foi um, digamos, “período de esperança”. Rubens Barrichello assinara contrato com a Ferrari, e segundo os jornalistas, lá era o melhor lugar para um piloto estar. Só esqueceram de citar que desde que o piloto fosse Michael Schumacher. E aí foi aquilo, a equipe jurando que havia igualdade e Rubinho garantindo isso, até que dois anos depois aconteceu o infame caso de Zeltweg. Aí para desespero da imprensa, quem havia voltado a acompanhar a categoria na esperança de torcer para um brasileiro voltou a procurar outros esportes, e tudo mundo sabe como foi em seguida. Não, a culpa não foi 100% de Rubinho e nem da torcida, embora eu ache um absurdo brasileiro só ser patriota nos esportes em que um brasileiro vai bem, mas é parte da nossa rica cultura e não há muito o que se fazer quanto a isso. Mas o fato é que 12 anos depois, o erro pode se repetir, mudando apenas a rede transmissora e a categoria, nem o piloto mudou. Não que Rubinho não seja capaz de andar bem na Indy e nem vou tentar prever o seu futuro. Levantar hipóteses tanto pessimistas quanto otimistas é a maior idiotice que se pode fazer, mas idiotice igual é colocar sobre um piloto, seja ele qual for, uma pressão totalmente desnecessária, fazendo dele como um messias do esporte a motor.
Rubinho curtiu a Indy, tem andado rápido nos testes, mas devemos apontar que sua equipe não faz parte dos times de ponta e que ele ainda não pôde testar seu ritmo de corrida em um carro onde é necessário um esforço maior do que na Fórmula 1. Claro, acho ótimo que haja grande divulgação do esporte, dentro de pouco mais de um mês teremos uma etapa em solo brasileiro, expectativas alimentam o clima de festa, mas... e para Rubinho? Já não bastou esse tempo todo de pressão e expectativas que não ajudaram em transformá-lo em mais do que uma eterna promessa?
Rubens está no caminho certo, curtiu a nova fase da carreira, está se adaptando muito bem ao carro, correrá ao lado de alguém que é quase como um irmão e estará em um ambiente muito menos hostil, trocará a selva da F1 por uma Indy quase familiar. Espero que a mídia não estrague essa sua nova fase, afinal foi a melhor oportunidade que ele teve para continuar a fazer o que gosta. Tomara que ninguém faça deixá-lo de gostar.

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