Falando de Corrida

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terça-feira, 27 de março de 2012

Épica


Alguns GP’s entram para a história justamente pelas adversidades, que muitas vezes evidenciam talentos. A chuva foi quem mais fez isso ao longo da história, e Ayrton Senna ao menos por 3 vezes se beneficiou do mau tempo, em Monte Carlo (1984), Interlagos e Donington (1993). O GP da Malásia não foi diferente, sobretudo para Sérgio Pérez. A pilotagem demonstrada pelo mexicano foi suficiente até mesmo para relegar ao segundo plano a não menos brilhante conquista de Fernando Alonso. Além disso, Pérez justificou o interesse da Ferrari, embora claramente o time não seja o melhor para jovens talentos nas atuais condições.

Além de Alonso e Pérez, fica impossível não destacar outros dois pilotos que simplesmente deram show, com inúmeras ultrapassagens: Bruno Senna e um certo Kimi Raikkönen. Bruno teve um começo conturbado, mas depois da relargada acabou estabelecendo um ritmo forte e uma pilotagem precisa. Não errou mesmo com a pista em condições ruins, passou por gente como Schumacher e terminou na frente de gente como Vettel. Conquistou em um único GP mais do que a Williams fez durante toda a temporada passada, e escapou de errar como seu companheiro fizera em Melbourne. Enfim, acabou fazendo mais do que realmente todos esperavam dele.
Quanto à Kimi Raikkönen, esse dispensa qualquer tipo de comentário. Seu talento e sua velocidade não se abalaram em dois anos afastado da F1. Kimi é o mesmo da estréia 11 anos atrás, voando e ultrapassando do jeito que ele gosta de fazer. Não me surpreenderá se ele conquistar alguns pódios ao longo da temporada, e eu ficaria muito feliz se um dos grandes o chamasse. E embora Alonso tenha feito o impossível, continuo achando que o finlandês teria feito muito mais se continuasse na Ferrari.

Infelizmente, mais uma vez, o destaque negativo ficou para Felipe Massa. O brasileiro mais uma vez não apresentou desempenho próximo ao seu companheiro de equipe, e a imprensa italiana pede sua cabeça. Fica a pergunta: O que será que realmente está acontecendo com Felipe?

Bom começo


Ver um carro da Penske, com o embleminha da Pennzoil, e motor Chevrolet em uma tarde de domingo é bom o suficiente para nos levar de volta no tempo. Escutar aquele motor turbo e saber que a verdadeira Indy está de volta parece até bom demais para ser verdade, mas felizmente é verdade. Os bons tempões da Indy estão de volta, e quem se deu melhor nesse recomeço da categoria foi Hélio Castroneves. O Homem Aranha soube aproveitar as oportunidades de ultrapassagem, teve a melhor estratégia e soube o momento certo de acelerar apenas para administrar a vantagem conquistada. E deu certo, levou o novíssimo Dallara-Chevrolet ao triunfo em sua terceira vitória nas ruas de St. Petersburg.
A conquista de Hélio também foi uma vitória mais do que especial para a Chevrolet, em seu retorno à categoria. A equipe é uma das maiores vencedoras das duas antigas categorias (CART e IRL), conquistou, entre outras, duas Indy 500 pelas mãos de Emerson Fittipaldi e uma nas mãos de Helinho, em 2002. Nada como voltar vencendo a segunda principal categoria de monopostos do mundo.
Quem não se deu muito bem na estréia foi Rubens Barrichello. Seus problemas acabaram sendo proporcionais às expectativas em torno de sua estréia, e o brasileiro acabou apenas na 16ª posição, depois de ter treinado muito pouco na sexta-feira e ter sido atrapalhado por uma bandeira amarela em sua volta rápida no classificatório. Além disso, Rubens não se deu muto bem com a estratégia adotada pelo time. Não tem problema, fica para a próxima...
A tradicional comemoração de Hélio acabou sendo mais especial do que de costume. Ao subir no alambrado para comemorar mais uma vitória, ele o fez ao lado da placa da “Dan Wheldon Way”, homenageando o colega que perdeu a vida na última etapa do ano passado. Dan foi também o responsável pelo desenvolvimento do carro atual. E além de saudades, percebe-se que deixou um ótimo trabalho.

terça-feira, 20 de março de 2012

Um bom começo



Uma única corrida é insuficiente para avaliarmos como será o decorrer do campeonato, mas dá uma boa idéia de como o campeonato pode transcorrer. Não vou levantar estatísticas de quantos dos últimos vencedores em Melbourne foi o campeão, ou quantos vencedores da primeira etapa foram campeões ao longo da história porque isso não quer dizer praticamente nada, mas pelo desempenho apresentado pela McLaren, acho que neste ano a Red Bull não terá um passeio tão tranquilo quanto o do ano passado.
Button venceu o GP com sobras, deixou as últimas voltas somente para administrar a vantagem que conquistou após a saída do Safety Car e mostrou que o carro do time de Woking pode andar bem sem ser levado no limite. A Red Bull andou próxima, e mostrou que sim, é mais uma vez forte candidata ao título apesar de não ter vencido. Mark Webber perdeu algumas posições na largada mas fez boa recuperação, mesmo tendo ficado preso atrás de Nico Rosberg durante algumas voltas (e não foi por falta de tentativas, estava difícil mesmo ultrapassar em Melbourne, mesmo com todos os aparatos artificiais da FIA). Quanto à Mercedes, Nico não andou to bem, e Schummy não pode explorar todo seu potencial por causa de uma quebra no câmbio. Fica para a próxima...
Agora vamos à Ferrari. O Time foi incapaz de estabelecer um bom ritmo, Felipe Massa mais uma vez deixou a desejar e acabou batendo em Bruno Senna, que também não estava lá indo muito bem. Fernando Alonso também não andou nenhuma barbaridade, era nítido que em uma pista com melhores oportunidades de ultrapassagem ele teria perdido a posição fácil para Pastor Maldonado, e olha que a Williams não possui lá um grande carro, embora tenha evoluído muito desde o ano passado, pelo menos na Austrália. Maldonado acabou errando na última volta, e no lugar de crucificá-lo, vou na verdade, parabenizá-lo. Acho que não só eu, mas todo mundo que curte corridas, prefere um piloto que bata tentando uma ultrapassagem do que um capaz de ficar a corrida toda atrás de outro piloto só para conquistar um ou dois pontos. Pastor mandou bem.
E no pelotão do meio, grande espetáculo, principalmente nas brigas entre Kimi Raikönen e Kamui Kobayashi. Kimi mostrou que continua em forma, não perdeu a mão, e Kamui mais uma vez mostrou que se tivesse um bom carro seria capaz de muito mais. Não sei se os dois acharam divertido, mas para que assistiu a condução dos dois, deu para matar um pouco a saudade do que é F1.
Em suma, a temporada começou bem. Evolução na Williams, na Caterham, uns bons shows aqui e ali e uma história que não terminou igual às últimas corridas, com o hino austríaco do time rubro-taurino tocando no pódio. Só espero que continue assim, aí quem sabe a F1 dá aquela ressucitada de que tanto precisa, tanto em termos de emoção quanto de público. Do contrário, o negócio vai ficar feio.

quinta-feira, 1 de março de 2012

DeJavu


Se voltarmos pouco mais de 12 anos no tempo, vamos lembrar daquilo que para a imprensa brasileira foi um, digamos, “período de esperança”. Rubens Barrichello assinara contrato com a Ferrari, e segundo os jornalistas, lá era o melhor lugar para um piloto estar. Só esqueceram de citar que desde que o piloto fosse Michael Schumacher. E aí foi aquilo, a equipe jurando que havia igualdade e Rubinho garantindo isso, até que dois anos depois aconteceu o infame caso de Zeltweg. Aí para desespero da imprensa, quem havia voltado a acompanhar a categoria na esperança de torcer para um brasileiro voltou a procurar outros esportes, e tudo mundo sabe como foi em seguida. Não, a culpa não foi 100% de Rubinho e nem da torcida, embora eu ache um absurdo brasileiro só ser patriota nos esportes em que um brasileiro vai bem, mas é parte da nossa rica cultura e não há muito o que se fazer quanto a isso. Mas o fato é que 12 anos depois, o erro pode se repetir, mudando apenas a rede transmissora e a categoria, nem o piloto mudou. Não que Rubinho não seja capaz de andar bem na Indy e nem vou tentar prever o seu futuro. Levantar hipóteses tanto pessimistas quanto otimistas é a maior idiotice que se pode fazer, mas idiotice igual é colocar sobre um piloto, seja ele qual for, uma pressão totalmente desnecessária, fazendo dele como um messias do esporte a motor.
Rubinho curtiu a Indy, tem andado rápido nos testes, mas devemos apontar que sua equipe não faz parte dos times de ponta e que ele ainda não pôde testar seu ritmo de corrida em um carro onde é necessário um esforço maior do que na Fórmula 1. Claro, acho ótimo que haja grande divulgação do esporte, dentro de pouco mais de um mês teremos uma etapa em solo brasileiro, expectativas alimentam o clima de festa, mas... e para Rubinho? Já não bastou esse tempo todo de pressão e expectativas que não ajudaram em transformá-lo em mais do que uma eterna promessa?
Rubens está no caminho certo, curtiu a nova fase da carreira, está se adaptando muito bem ao carro, correrá ao lado de alguém que é quase como um irmão e estará em um ambiente muito menos hostil, trocará a selva da F1 por uma Indy quase familiar. Espero que a mídia não estrague essa sua nova fase, afinal foi a melhor oportunidade que ele teve para continuar a fazer o que gosta. Tomara que ninguém faça deixá-lo de gostar.