Ontem eu estava pensando no que escrever, após assistir à Formula 1. Embora o GP da Coréia tenha tido boas disputas, eu não queria falar sobre as mesmas coisas de sempre, como o domínio de Vettel, a má fase da Ferrari e coisas do gênero. Como meu tempo é curto, pensei em esperar a Indy, que prometia uma grande festa antes de iniciar a nova fase da categoria, embora a corrida de Las Vegas não tenha saído como planejada. Chegou-se a cotar Kimi Raikkonen, Jacques Villeneuve e até mesmo Alessandro Zanardi, mas acabou que o único convidado foi Dan Wheldon, que seria o único que poderia levar os 5 milhões por conta da vitória em Indianápolis, que venceu num dos maiores golpes de sorte da história, embora tenha mostrado competência. Wheldon, aliás, estava para retornar à categoria no próximo ano, com a vantagem de ter sido o piloto de testes do novo chassi. Teria tudo para começar bem o ano, por ter mais bagagem do que o resto do grid com o novo pacote.
Neste ano voltei a acompanhar a Indy um pouco mais, apesar da transmissão precária e da falta de informação de horários. Pelo menos acompanhei os tapes e as notícias da Internet, e estava gostando do que estava vendo. Pensei então que seria legal escrever sobre uma possível grande corrida em Las Vegas.
A corrida começou como sempre, com os carros disputando as curvas a quase 400 por hora, em uma despedida do já obsoleto chassi Dallara. Mas a corrida durou muito pouco. Na volta 11, dois carros se tocaram (para ser sincero, nem vi quem bateu em quem, só vi dois carros se tocando e uma reação em cadeia se iniciar) e provocaram o que chamam de Big One, na NASCAR, envolvendo 15 carros. O acidente foi horrível. Carros voando e se chocando contra o muro, várias bolas de fogo e pouca coisa podia ser identificada. No replay, era possível ver que um dos últimos carros a entrar na batida foi o de Dan Wheldon, que decolou, girou e bateu forte contra o alambrado, retornando à pista totalmente destruído.
O resgate foi delicado e acompanhado apreensivamente pelos pilotos, que foram afastados do local. Pouco depois, foi confirmada a morte do inglês de 33 anos, o que fez com que os pilotos decidissem em não voltar para a pista, visivelmente emocionados.
O esporte a motor é um esporte de altíssimo risco, disso todo mundo sabe. Mas, por mais que se tenha essa consciência, jamais nos acostumamos com as tragédias. Neste ano perdemos por aqui Gustavo Sondermann, porém nunca ninguém entra em um autódromo (seja para pilotar, trabalhar ou assistir) esperando pela morte de alguém. E quando esse alguém tem tanto talento e carisma, torna tudo ainda mais difícil. É nessa hora que todo mundo pára e reflete sobre o sentido de tudo isso, mas a paixão acaba por superar traumas e medos, e dentro de alguns dias (no máximo meses), todos voltam à pista para superar os limites do homem e da máquina. Exatamente como Wheldon soube fazer tão bem em sua carreira.
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