Eu juro que sempre gostei das segundas-feiras pós-GPs. Desde
criança, foram os dias em que tive para discutir com meus amigos (mesmo na
primeira série) sobre o desempenho desse ou daquele piloto, lances legais... Bom,
estes dias se foram. Hoje, tempo de ronco xoxo e pseudos pilotos, sequer tenho
vontade de acordar algumas horas mais cedo para acompanhar um GP, tal como não
fiz ontem. E sem arrependimentos. Mais uma vez discutiu-se pouco sobre
desempenho e mais sobre polêmicas extra pista, leia-se a frase ridícula da
Williams.
Mais desta vez, o esporte não foi achincalhado, o público não
foi feito de palhaço e Felipe Massa não deixou-se humilhar. Com razão, Felipe ignorou o fato de que seu
companheiro estava mais rápido e fez com que este se esforçasse para tentar uma
ultrapassagem. Para Bottas, não deu certo. O jovem finlandês fez biquinho,
cobrou uma conversa e mostrou-se insatisfeito. Felipe terminou na frente, impôs
respeito e admitiu que está lutando pela carreira. Um pouco tarde? Acho que
não.
Felipe passou poucas e boas nos últimos 5 anos. Tentou
progredir em um time que só tem andado para trás, com um companheiro nem tão
bom quanto a mídia prega. Pagou o pato e agora está em um time que luta para se
manter ao menos como médio. Tem cumprido seu papel e não merecia mesmo uma
repetição do que houve na Alemanha em 2010.
Felipe mostrou coragem, frieza e maturidade. Seu silêncio no
rádio foi mais barulhento do que qualquer “Just leave me alone”. Terminou a
prova no lugar onde alcançou por direito, mesmo depois da má posição nos
treinos garantida pela lambança da equipe na escolha dos pneus. Ganhou 6
posições e mostrou que tem bom potencial para o restante da temporada. Ponto para
um cara que ouviu todo tipo de bobagem desde que retornou após um acidente para
lá de sério.
Na próxima semana a Formula 1 desembarca no Bahrein, onde
Felipe tem um excelente histórico, com seus carros feios, seus motores
silenciosos e uma total falta de espetáculo. É hora de Felipe mostrar que está
Faster than Valteri” ou, no mínimo, dar um bom trabalho ao seu companheiro, já
que segundo a equipe, existem dois pilotos número 1. Uma expectativa legal, mas
insuficiente para trazer emoção para esta temporada - para lá de modorrenta, já
que não dá nem para curtir o ronco dos motores.