Houve um tempo em que pilotar na Formula 1 exigia algo diferente de bons patrocinadores. Claro que desde que Colin Chapman resolveu estampar o vermelho e dourado da Gold Leaf em seus Lotus, estes se tornaram primordiais, mas, acredite, talento já contou muito para se obter um cockpit. E se Chapman era genial como construtor, gostava de arriscar colocando novos talentos atrás do volante. Assim chegaram à F1 pilotos como Mario Andretti e Emerson Fittipaldi, e um hoje praticamente desconhecido Gunnar Nilsson.
Nilson estreou na F1 no GP da África do Sul de 1976, substituindo o compatriota Ronnie Peterson, que havia se desentendido com Chapman após Interlagos. 3 GP’s depois, Nilsson obtia o primeiro pódio, no GP de Jarama, com um terceiro Lugar, posição que repetiria no GP da Áustria. No final do ano, terminaria o campeonato em 10º, a despeito de sua inexperiência e do mau desempenho da Lotus.
No ano seguinte o carro melhorou, e os pontos começaram a vir com maior frequência, até que na 7ª etapa, na encharcada pista de Zolder, Nilsson obteve sua primeira vitória, além de marcar a volta mais rápida da prova. Porém, à medida em que o ano transcorria, ele era atacado por fortes dores de cabeça. No GP da Inglaterra ele conquistaria seu último pódio, atrás de Niki Lauda e James Hunt, naqueles que também seriam seus últimos pontos. Ele também não terminaria mais nenhum GP até o final do ano, quando se retirou para tratar as dores de cabeça. Ele havia assinado um contrato para correr com a Arrows no ano seguinte, já que Peterson voltaria a pilotar pela Lotus.
Após exames, as notícias foram desanimadoras para Nilsson: as dores de cabeça eram resultado de um câncer nos testículos, àquela altura já com poucas chances de sobrevivência. Ele se retirou das pistas para tratar a doença no Hospital Chaning Cross em Londres, um dos mais conceituados do mundo na área de Oncologia. Afastado das pistas, era homenageado pelos companheiros de profissão, como Mario Andretti, que dedicou à Nilsson a vitória em Zolder (palco da vitória do sueco na temporada anterior).
Já debilitado e com aparência frágil, aparecia no paddock para acompanhar uma corrida ou outra, ao lado do amigo Ronnie Peterson, o qual tragicamente morreria em consequencia dos ferimentos causados por um acidente na largada do GP de Monza. Naquela semana, Gunnar apareceria em público pela última vez, carregando o caixão de Ronnie. Um mês depois, pouco antes de completar 30 anos, Gunnar Nilsson perdia sua batalha contra o câncer.
Um ano depois de sua morte, sua mãe fundou o "Gunnar Nilsson Cancer Foundation", para o qual também deixou toda sua fortuna como herança. O instituto hoje é um dos mais fortes da Suécia. Atualmente, o câncer do qual Gunnar foi vítima, tem cura em 90% dos casos, inversamente proporcional aos 10% da época em que ele faleceu.
Gunnar só é lembrado hoje por quem realmente estuda a história da F1. Se perdeu no tempo em meio à tantos outros nomes, de maneira injusta, já que seus resultados na época de hoje seriam considerados excelentes para alguém que tivesse o mesmo tempo de carreira. Felizmente, seu legado pode ser visto na forma do instituto, muito mais importantes do que os números de sua carreira.
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