O final da etapa de Watkins Glen da Sprint Cup, não foi nenhuma novidade. Não é o tipo de final raro em uma corrida da NASCAR, todo mundo até falou da sensação de dejavù com relação à chegada do ano passado na mesma corrida. Mesmo assim ganhou bastante destaque na mídia, pois é o tipo de final que todo mundo gosta de ver em uma corrida. Saídas de pista, toques, e nenhuma punição. Como costumo dizer, corrida de verdade. Não que os pilotos tenham que empurrar na pista, nada disso. Mas também não é qualquer toque que merece punições exageradas como na Formula 1...
Mas a despeito de tudo isso, estava parando para pensar mais profundamente somente sobre a NASCAR e a fazer análises de algumas informações. Primeiro, vamos considerar que embora a NASCAR seja disputada no país que é a maior economia do mundo, ainda assim é uma categoria praticamente nacional, com pelo menos 95% das corridas em solo americano. A categoria nunca deixa a América do Norte, e ainda assim tem grande audiência ao redor do planeta (inclusive no Brasil, país que não conta com nenhum piloto na categoria principal). Mesmo em um cenário de crise, os pilotos mais bem pagos do mundo estão lá (com exceção de Fernando Alonso), o calendário se mantém com mais de 30 provas e 20% das maiores empresas do mundo patrocinam a categoria.
Em contrapartida, a maior parte do campeonato é disputada em circuitos ovais, os carros só ganharam injeção eletrônica neste ano, contam com um câmbio de 4 marchas e praticamente nenhuma tecnologia que auxilie na pilotagem, tudo isso com um gasto infinitamente menor do que a F1. Então, qual o segredo da NASCAR? É simples: o show. A proximidade com o público. As ações de patrocinadores que atraem um monte de “caipiras” tomando cerveja, e não milionários segurando taças de Möet Chandon. Carros como o Ford Fusion dão lugar à Ferrari e Porsche, e com no máximo 15 dias de descanso, isso garante autódromos lotados, e claro, lucro garantido.
Claro que a filosofia norte-americana é completamente diferente da europeia, mas isso não torna a NASCAR menos magnética do que a Formula 1. Por mais que muitos considerem entediante uma corrida de 3 horas com carros andando grudados a 320 por hora, também dá para considerar entediante um campeonato de Formula 1 como o do ano passado, mesmo quando consideramos que por melhor que seja o carro, não é fácil andar 70 e tantas voltas na liderança de um GP, como tantas vezes também fizeram Michael Schumacher e Ayrton Senna. Mas também não é fácil ficar espremido por dois carros a 300 por hora em um oval por 200 e tantas voltas...
Não que a F1 tenha que regredir tecnologicamente, já que a filosofia, parafraseando meu amigo Paulo Abreu, é a vanguarda tecnológica. Mas acho que pelo menos comercialmente, a Formula 1 tem que se espelhar na NASCAR. Tudo bem que a categoria é lucrativa, mas vemos GP’s como o da França fora do calendário e da Alemanha ameaçados, com corridas em lugares como India, Malásia, China e Abu Dhabi, em autódromos que não são mais excitantes do que um circuito oval. A Formula 1 já mostrou que não está imune à crise, com muito administrador se negando a pagar as altas taxas cobradas por titio Bernie. É bom abrir o olho. Talvez atrair um público maior (mesmo com um preço menor), afaste da maior categoria do automobilismo o fantasma da crise. Pelo menos é o que a NASCAR tem demonstrado até agora, com calendário, grid e arquibancadas cheias. E os bolsos dos organizadores também...