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sexta-feira, 6 de julho de 2012

Estranho, mas nem tanto



Os comentários sobre o acidente de Maria de Villota são quase todos iguais: O acidente foi estranho. Bem, a única coisa que acho estranho, é que não tenha acontecido nenhum acidente antes com alguma das equipes nanicas. Aliás, a forma como a FIA se porta diante de algumas situações, faz com que haja categorias diferentes dentro da Formula 1, e vou tentar justificar o meu pensamento.
Bem, eu gosto de um Grid grande, aliás quem não gosta? Mas isso não tem chance de funcionar na formula 1 com a disparidade orçamentária entre as grandes e as pequenas. Grid grande funciona em categorias como a NASCAR, a Indy ou até mesmo a nossa Stock, onde os carros são similares.  E não falo somente com relação às disputas, mas toda tecnologia que o esporte demanda. Isso ficou claro no acidente de Maria: inexplicavelmente o carro acelera sem o seu comando e vai parar debaixo de um caminhão. Verdade, equipamentos eletrônicos são falhos. Mas não existe nenhum tipo de fiscalização que previna isso? Imagine um acelerador funcionando sozinho durante uma corrida. Não preciso falar mais nada, ainda mais em se tratando do calendário atual, cheio de corridas de rua.
É impensável ver isso acontecendo com as equipes grandes, mesmo porque o orçamento lhes permite os melhores equipamentos do mercado. Aliás, orçamento é uma questão que tem causado muita discórdia (aliás, sempre foi assim). As grandes querem ter o direito de jogar os custos lá para o alto, enquanto as pequenas querem um orçamento mais equiparado. São obrigadas a fazer o máximo possível para sobreviver, e como todos sabem, corridas não são como há 40 anos, quando bastava-se um conhecimento básico em mecânica e punhado (não tão grande assim) de dinheiro para colocar um carro na pista. Hoje é necessário conhecimento em tecnologia aerospacial e muito, muito dinheiro para fazer um carro andar, no mínimo, entre os 15 primeiros, ou seja, fora da zona de pontos. E com um orçamento apertado, não é difícil ver um acelerador eletrônico funcionando sozinho, com uma piloto sem tanto orçamento tentando uma vaga mesmo em um carro inseguro, que durante as corridas pode causar um acidente pelo fato de estar lento na pista. Regra dos 107%? Virou piada, não precisa ser cumprida. É melhor colocar um comissário com grande nome para punir alguém em qualquer toque de corrida.
Outra questão é a segurança (não) exigida nos testes. Quando se fala em realizar um GP, os países postulantes têm que deixar a pista em condições fantásticas para receber a Formula 1, para evitar uma tragédia ao vivo. Não, não discordo disso. Eliminar os riscos durante os GP’s fez com que o índice de mortalidade caísse para zero na última década. Mas os testes não são realizados em locais tão seguros assim, como pudemos ver na terça-feira. Aliás, um caminho não deveria estar em uma área onde trafegam carros de Formula 1, mesmo que seja uma área para estacionar. Ficou provado que nessas condições sim, acidentes graves podem acontecer. Se tivesse sido apenas um muro ou uma placa de publicidade, o dano teria ficado só com o carro. Mas debaixo de um caminhão a história mostrou-se muito mais trágica. E quem estava ali para fiscalizar? Ou não é necessário evitar acidentes quando não há câmeras por perto?
Na época do acidente de Ayrton Senna, alguns disseram que os 8 anos que separaram a morte de Elio de Angelis da sua, haviam feito com que a Formula 1 esquecesse que ela poderia ser mortal. Entrou-se em uma zona de conforto que transmitia uma falsa segurança. Aí teve aquele final de semana e todos se comoveram, com duas mortes ao vivo em dois dias. A segurança evoluiu muito durante as competições, mas parece que nos testes ele não se faz tão necessária, mesmo que os carros sejam os mesmos (mesma potência, mesma eletrônica) que correm os GP’s no domingo. O acidente de Maria de Villota foi, em resultado, o pior acidente desde a morte de Ayrton, sem nenhum exagero de minha parte. Um piloto sair mutilado de um acidente é a segunda pior coisa que pode acontecer. E disso para uma morte, não falta muito. Espero que esses anos sem mortes não façam a FIA relaxar, para que assim a Formula 1 não volte a ser mortal.

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