Falando de Corrida

Novidades, lembranças e curiosidades do nosso esporte a motor

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segunda-feira, 31 de março de 2014

Silêncio ruidoso


Eu juro que sempre gostei das segundas-feiras pós-GPs. Desde criança, foram os dias em que tive para discutir com meus amigos (mesmo na primeira série) sobre o desempenho desse ou daquele piloto, lances legais... Bom, estes dias se foram. Hoje, tempo de ronco xoxo e pseudos pilotos, sequer tenho vontade de acordar algumas horas mais cedo para acompanhar um GP, tal como não fiz ontem. E sem arrependimentos. Mais uma vez discutiu-se pouco sobre desempenho e mais sobre polêmicas extra pista, leia-se a frase ridícula da Williams.
Mais desta vez, o esporte não foi achincalhado, o público não foi feito de palhaço e Felipe Massa não deixou-se humilhar.  Com razão, Felipe ignorou o fato de que seu companheiro estava mais rápido e fez com que este se esforçasse para tentar uma ultrapassagem. Para Bottas, não deu certo. O jovem finlandês fez biquinho, cobrou uma conversa e mostrou-se insatisfeito. Felipe terminou na frente, impôs respeito e admitiu que está lutando pela carreira. Um pouco tarde? Acho que não.
Felipe passou poucas e boas nos últimos 5 anos. Tentou progredir em um time que só tem andado para trás, com um companheiro nem tão bom quanto a mídia prega. Pagou o pato e agora está em um time que luta para se manter ao menos como médio. Tem cumprido seu papel e não merecia mesmo uma repetição do que houve na Alemanha em 2010.
Felipe mostrou coragem, frieza e maturidade. Seu silêncio no rádio foi mais barulhento do que qualquer “Just leave me alone”. Terminou a prova no lugar onde alcançou por direito, mesmo depois da má posição nos treinos garantida pela lambança da equipe na escolha dos pneus. Ganhou 6 posições e mostrou que tem bom potencial para o restante da temporada. Ponto para um cara que ouviu todo tipo de bobagem desde que retornou após um acidente para lá de sério.

Na próxima semana a Formula 1 desembarca no Bahrein, onde Felipe tem um excelente histórico, com seus carros feios, seus motores silenciosos e uma total falta de espetáculo. É hora de Felipe mostrar que está Faster than Valteri” ou, no mínimo, dar um bom trabalho ao seu companheiro, já que segundo a equipe, existem dois pilotos número 1. Uma expectativa legal, mas insuficiente para trazer emoção para esta temporada - para lá de modorrenta, já que não dá nem para curtir o ronco dos motores.

terça-feira, 25 de março de 2014

À Regina, o que é de Regina


Ainda não sei se por parcialidade, ignorância, preguiça ou tendencionismo. Mas fato irrefutável é que que a mídia especializada não resgata a história como deveria. Nas últimas semanas, vários sites e jornalistas (alguns renomados) deram uma notícia para lá de errada: De que Bia Figueiredo seria a primeira mulher a pilotar na Stock Car Brasileira. A afirmação nos faz levantar duas questões. Primeira: Esses jornalistas realmente sabem sobre o que estão escrevendo? Segunda: É tão difícil assim realizar uma pesquisa, justamente na era da informática? Ora, se de nossas casas temos tanto acesso aos fatos, eles, com todos os mecanismos e fontes possíveis, não são capazes de resgatar a história real?

O fato é que, 30 anos atrás, uma jovem de 24 anos e recém-mamãe, enfrentou preconceitos, dificuldades e falta de segurança de uma época em que Stock Cars eram realmente Stock Cars: Carros produzidos em série que eram ligeiramente modificados para oferecerem mais potência do que segurança, em grids que eram maiores do que os atuais. Ela enfrentou na pista nomes como Ingo Hoffmann, Paulo Gomes, Chico Serra, Reinaldo Campello e outras feras, teve que ir à delegacia para garantir seu direito de correr e disputou parte daquela temporada conforme a verba permitiu.
Regina Calderoni enfrentou todas as dificuldades possíveis, permaneceu por 7 anos disputando as principais categorias nacionais, provas como a Mil Milhas sem nunca perder a motivação e a alegria de estar em um carro de corrida. Metia a mão na graxa com gosto, demonstrava um profissionalismo acima da média e não deixava espaço para machismo e fofocas, que por  vez e outra surgiam, só para manter o costume. Muita luta para ser esquecida, não?

O fato é que Regina até hoje não conquista somente fãs, mas amigos e admiradores, que se impressionam não só pela sua história, mas por sua personalidade marcante e espontânea. E foram justamente esses eternos fãs que fizeram barulho e escreveram aos “jornalistas” exigindo que seu erro fosse corrigido. Isso trouxe à tona outro fato: Fernanda Parra também disputou a Stock Car, embora não na categoria principal, ao contrário de Regina. Foi um simples erro ou mais uma tentativa de fazer oba oba???

Bem, se a mídia se esquece dos fatos que interessam de verdade, pior para eles. Continuarão fazendo da Stock a categoria “onde corre o filho do Galvão”, Formula 1 “onde corria o Ayrton Senna” e automobilismo um esporte que não leva público “porque o ingresso é muito caro”. Então cabe a nós, não profissionais, darmos o merecido crédito e parabenizarmos Regina Calderoni pelos 30 anos de sua conquista! Parabéns Rê, o mérito é todo seu!