Falando de Corrida

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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Número 5, parte 8: A troca de reinado


A equipe Renault havia mostrado certo potencial em 2003 com uma vitória de seu prometido astro Fernando Alonso, mas como todas as outras, foi massacrada pela hegemonia da Ferrari em 2004. Como consolo, uma vitória de Jarno Trulli e um terceiro lugar no mundial de construtores e a expectativa de um 2005 promissor. Isso se confirmou logo na primeira etapa, com Giancarlo Fisichella fazendo a pole e vencendo a prova, com Fernando Alonso cravando a volta mais rápida. O abandono de Michael Schumacher foi minimizado com o segundo lugar de Rubens Barrichello, mas a Ferrari não viveria sua melhor temporada.
A partir da prova da Malásia, Fernando Alonso confirmou a força do time: Emplacou uma série de 3 vitórias em um período marcado pela irregularidade de seus oponentes e seus carros mal desenvolvidos. Michael Schumacher conseguiu apenas um segundo lugar em San Marino, Kimi Raikkönen apenas o terceiro no Bahrein e Juan Pablo Montoya participou apenas das duas etapas iniciais, ficando afastado de duas por machucar o ombro. Giancarlo Fisichella não terminou nenhuma dessas 3 provas, e estava claro que Fernando seria o favorito na disputa pelo mundial.
Na etapa da Espanha, Alonso foi surpreendido por um rapidíssimo Raikkönen, que roubou a cena na terra das touradas e frustrou a torcida local. Em Mônaco Kimi repetiu a dose, e em Nürburgring parecia que iria virar o jogo. Mas devido às regras da temporada (onde trocas de pneus foram proibidas) uma forte freada danificou o pneu, o que causou uma quebra na suspensão e lhe roubou, no finalzinho, uma vitória certa, jogando o GP no colo de Alonso. No Canadá, o finlandês deu o troco após uma quebra do espanhol.
Alonso chegou aos USA com 20 pontos de vantagem, mas quem roubou a cena no GP não foi nem o espanhol nem o finlandês. Foram os franceses da Michelin quem chamaram a atenção do mundo. Durante os treinos, devido à inclinação da última curva do circuito de Indianapolis somados à problemas estruturais dos pneus, ocorreram estouros que causaram acidentes. Em nome da segurança, as equipes que utilizavam a marca pediram que fosse improvisada uma chicane no local. A Ferrari foi contra, e em uma escolha nada democrática, os carros largariam sem a chicane. Após a volta de apresentação, todos os carros equipados com a marca se recolheram, largando apenas Jordan, Minardi e Ferrari. Seria a única vez que o time levaria uma vitória naquela temporada, com Michael Schumacher após uma manobra nada ortodoxa para cima de Rubens Barrichello. Também o último pódio da Jordan e a última vez que ela e a Minardi pontuariam.
Na França a Formula 1 voltaria ao normal, e Alonso levou a taça seguido de Kimi. Em Silverstone, uma surpreendente vitória de Juan Pablo Montoya, com Alonso em segundo e Kimi em terceiro. Agora seria a hora em que o finlandês deveria reagir se quisesse levar o campeonato. Mas graças à problemas, não foi possível: Viu seu carro parar enquanto liderava, deixando Alonso vencer tranquilamente o GP da Alemanha. Nas duas provas seguintes, Kimi daria o troco: Venceu em Hungaroring com Alonso sem pontuar e na Turquia deixou o espanhol apenas com a segunda posição. Mas o desempenho não se repetiu na Italia: Enquanto Montoya venceu e Alonso foi o segundo, Kimi ainda teve Fisichella à sua frente.
Em Spa, Alonso manteve a regularidade que seria sua marca registrada na temporada: Mais uma vez foi ao pódio em segundo, com uma vitória de Kimi. Embora Alonso tenha contado com uma barbeiragem de Antonio Pizzonia, que sem querer tirou Montoya da pista quando este estava logo à frente de Alonso. Kimi venceu a prova, na que seria sua primeira vitória em Spa.
A Fórmula 1 chegou à Interlagos com a probabilidade de o campeonato ser decidido, pela primeira vez, em terras brasileiras. Kimi teria que vencer e depender de uma série de resultados para se manter na briga. Fernando Alonso fez a pole, mas a prova foi dominada por uma McLaren. E para sua sorte, não foi a de Kimi. Montoya venceu pela terceira vez no ano, e após descer do carro em segundo lugar, Fernando Alonso marcou seu nome da história com uma comemoração forte e vibrante, destronando o então absoluto Michael Schumacher. A vantagem construída no início da temporada, somada à sua regularidade, lhe deram o título com duas provas de antecipação. Nem a fantástica ultrapassagem de Kimi sobre Fisichella no Japão para conquistar a vitória importou mais,  e Fernando ainda levou o time ao mundial de construtores após vencer o finlandês na prova final, na China. E assim Fernando tirou o domínio de Michael Schumacher: Interpretando “We are the champions” via rádio após a bandeira quadriculada. E ostentando o mítico número 5.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Mídia Sangrenta



Embora alguns esportistas possam ser taxados (com razão) de mercenários, a maioria optou por viver de algo que lhes dá prazer e paixão. Ninguém se torna um piloto porque um amigo indicou seu currículo ou um jogador porque estava desempregado.  O esporte permite ao ser humano superar seus limites, desafiar a morte e vencer outros seres humanos. Essa é a beleza de ser esportista. Mas por outro lado, ser o melhor lhe traz diversos infortúnios. Uma saída com a família ao Shopping torna-se um programa impossível, uma cerveja em boteco qualquer em uma sexta à noite uma utopia e os olhos do mundo sempre estarão voltados para você. E assim acidentou-se Michael Schumacher.
Desde o dia 29/12/2013, o mundo está apreensivo por notícias de um esportista famoso, controverso, ídolo, herói e vilão. As informações são completamente desencontradas e contraditórias, a mídia busca informar primeiro e se esquece de informar direito. Busca informações sobre o ex-piloto Michael Schumacher. Mas até agora, será que alguém se preocupou com o homem Michael Schumacher?
Michael Schumacher foi um cara de origem modesta, diz a lenda que ele e seu pai reviravam o lixo em busca de peças que pudessem usar em seu kart. Sempre foi rápido e habilidoso, mas por trás do piloto genial, havia um esportista que cometia erros que muitas vezes tornaram seu caráter questionável. O piloto se sobrepôs ao homem, seus títulos o fizeram um imortal, um semideus com poderes além da capacidade humana. Agora, uma pedra provou que ele não é.
Em um hospital da França se encontra em coma induzido um homem de família que esquiava com o filho, com seus entes queridos em volta torcendo por sua recuperação, que ao que parece não será fácil. A imprensa não está preocupada com este homem nem com sua família, está em busca de notícias (as mais trágicas o possível), e a mídia voltada para o esporte a motor se delicia em ter uma grande possível tragédia em uma época tão fraca de notícias como o mês de janeiro. A mídia que adora flagrar os porres de Kimi Raikkönen, que procura uma mácula no caminho de Sebastian Vettel e que apedreja Felipe Massa. A mídia sensacionalista sedenta de sangue e de derrocadas.
O acidente de Michael Schumacher nos mostra o quanto o jornalismo está morrendo. Uma área que deveria informar com veracidade e seriedade e que hoje se esquece do fator humano, não se importa com o sofrimento de famílias, não respeita um momento de dor. Hoje fazem alarde de Michael Schumacher, amanhã noticiam com gosto um massacre sangrento em alguma periferia. Esse jornalismo que não tem preconceito nenhum: quando se trata de noticiar uma tragédia, para eles, somos todos iguais.